O Instituto DH participa da 23ª Reunião da Comissão Permanente de Defensores e Defensoras de Direitos Humanos e Enfrentamento da Criminalização dos Movimentos Sociais, nesta quinta-feira (29/07), às 10h.
A Comissão se reúne de forma remota e discutirá sobre a seguinte pauta:
Apresentação inicial
Violência política contra as parlamentares negras e LGBTQIAP+
As ações de degradação do meio ambiente continuam a deixar marcas trágicas à cultura e a história de Minas Gerais. Lideranças do Povo e Comunidade Tradicional Geraizeira do Vale das Cancelas, em Grão Mogol, Norte de MG, denunciam ameaças de morte por parte de funcionários de empresa de mineração e de jagunços contratados por grileiros e donos de terra da região.
Adair Pereira (Nenzão) e sua esposa, a professora Marlene Souza (Marlene Geraizeira), passaram a integrar o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais (PPDDH-MG) por serem vozes atuantes na defesa do território Geraizeiro e seus costumes e modo de vida.
O conflito tem início a partir do interesse de corporações empresariais que exploram há décadas comercialmente aquele território. A gigante chinesa da mineração – Sul Americana de Metais (SAM) – e de extração de madeira de eucalipto – Florestaminas – são as duas grandes responsáveis por promover ataques deliberados as regiões ambientalmente preservadas e de importância cultural.
INTERESSES ENVOLVIDOS:
A questão da demarcação é um problema que se arrasta desde a década de 80. A Florestaminas explora ilegalmente as terras que pertencem a comunidade, mesmo depois de decreto do Estado de Minas Gerais, de 2018, que determina que a região é de interesse social. Ainda segundo as famílias, a estratégia é ampliar a área de exploração para dificultar o processo de regularização fundiária do território Geraizeiro e facilitar o pedido de licenças junto aos órgãos ambientais.
A SAM pretende construir o empreendimento chamado de Bloco 8 com capacidade de produzir 27,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Estima-se que a quantidade de armazenamento seja de 17 vezes maior que a barragem de Brumadinho. O Bloco 8 fica no município de Grão Mogol e a estrutura do complexo minerário engloba também as cidades de Padre Carvalho, Fruta de Leite e Josenópolis. Todas elas terão estruturas relacionadas ao projeto.
Outro projeto em andamento é do mineroduto de 480 km que será construído por outra companhia, a Lottus Fortnue Holding, para enviar toda a produção até o Porto Sul, em Ilhéus (BA). Tal ação tem o total repúdio dos Geraizeiros, uma vez que o impacto ambiental envolvido não tem precedentes.
Além das empresas que continuam a degradar e desrespeitar normas ambientais, o conflito também envolve a área da fazenda São Francisco que são consideradas devolutas, isto é, terras públicas sem destinação pelo poder público e sem dono particular, apesar de estarem irregularmente sob a posse de alguém.
PONTOS FORTES E FRAÇOS NESTA DISPUTA
Diante de empresas de forte poder econômico, as denúncias de ameaças de morte recebidas pelo casal Nenzão e Marlene refletem o descaso das autoridades públicas em todos os âmbitos de fiscalização. Policias, sistema judiciário e Governo do Estado de Minas há anos acompanham o acirramento da disputa na região, mas poucas são as ações efetivas para garantir aos moradores o avanço da mineração e exploração de madeira ilegal em territórios tradicionais.
De acordo com Nenzão e Marlene, que abandonaram o território por medo de morrer, raros foram os momentos de apoio de que deveria protegê-los. Eles relatam que as autoridades policiais possuem uma relação de parceria com as empresas e os comerciantes da região apoiam a instalação desses empreendimentos na comunidade em função da suposta prosperidade econômica que poderão trazer à cidade.
Por outro lado, o casal e outras lideranças estão se organizando para formar o Conselho Comunitário Intermunicipal dos Geraizeiros. O objetivo é que a instância seja uma espaço de debate, fiscalização e de orientação das comunidades Geraizeiras para as lutas em defesa do território. A ideia do grupo é atuar em três eixos: defender a comunidade das empresas de monocultura de eucalipto, bem como a grilagem; lutar contra a mineração da SAM e companhias associadas como a Lottus e, ainda, lutar pela regularização fundiária da terra.
A pauta em defesa das comunidades Geraizeiras conta com o apoio de diversas entidades, movimentos sociais e políticos: a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Coletivo Margarida Alves, Movimento dos Atingidos por Barragem, a deputada estadual Leninha Silva (PT) e os deputados federais Rogério Correia (PT), Patrus Ananias (PT) e João Carlos Siqueira, o Padre João (PT), além do Instituto DH, que acompanham a situação e buscam dar visibilidade ao caso.
VÍDEO DENÚNCIA:
Há mais de 10 anos, Adair e Marlene atuam na luta pela Comunidade Tradicional Geraizeira. Por isso, o casal tem incomodado as empresas que veem neles um obstáculo para continuar o processo de invasão do território. Desde 2015, eles integram o PPDDH-MG depois das constantes ameaças.
Abaixo, o vídeo denúncia em que os defensores esclarecem mais detalhes relacionados ao histórico dessa luta e a participação deles no processo. O vídeo foi produzido pelo Frei Gilvander, representando a Comissão Pastoral da Terra (CPT) em parceria com a Assessoria de Comunicação do PPDDH-MG, realizado pelo Instituto DH.
O intuito do vídeo é dar visibilidade às denúncias e as violações de direitos humanos que a comunidade tradicional Geraizeira e os defensores da região estão vivenciando. A gravação foi realizada na manhã do dia 20 de julho de 2021.
O Webnário “Direitos Humanos em Pauta” promovido pelo Centro de Referência em Direitos Humanos – CRDH Norte/Caritás contará com a participação da equipe do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais (PPDDH-MG). O objetivo do evento é promover diálogos importantes para a promoção de políticas públicas de direitos humanos em Minas Gerais.
A primeira mesa de diálogo contará com a participação do Subsecretário de direitos humanos de MG, Duílio Campos, a professora da UNIMONTES, Leni Maria e o representante de movimentos de direitos humanos, Sr. Braulino Caetano. A segunda mesa de diálogo será destinada a Oficina “Mecanismos e Estratégias de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos”– com a participação da coordenadora geral do PPDDH-MG, Maria Emília da Silva e assistente social, Ana Maria Santos – e, ainda, a análise da conjuntura ministrada pela professora doutora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e do Centro de Estudos e Pesquisas Intercultural e da Temática Indígena (CEPITI), Geovanda Batista.
O evento será realizado nos dias 22 e 23 de julho, de 16h às 19h e transmitido on-line pelo canal do youtube da Caritás Minas Gerais.
Terminou nesta sexta-feira, (16/07), o “Webnário: ECA – 31 anos de conquistas e desafios” promovido pelo Grupo de Articulação do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente em comemoração aos 31 anos da instituição do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). O Estatuto orienta as políticas públicas a serem cumpridas e adotadas com a finalidade de garantir os direitos das crianças e adolescentes no Brasil.
As mesas de debates foram realizadas com presença de representantes de diversas entidades e ativistas dos direitos das crianças e adolescentes de Minas Gerais. As discussões foram divididas por temáticas, sendo que a cada dia um tema dentro do contexto do ECA foi debatido.
A assistência social, coordenadora-adjunta do Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos de Minas Gerais (PPDDH-MG) e integrante da FEVCAMMG, Elenir Braga, representou o Instituto DH na mesa que abordou sobre “Legislações e Normas”.
Quem desejar assistir todos os debates é só acessar os links abaixo para acompanhar todos os dias de discussões. O evento foi transmitido pelo canal no youtube da Frente de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes de Minas Gerais (FEVCAMG).
A diretoria do Instituto DH e o representante do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), Paulo Carbonari, se reuniram ontem (15/07), quinta-feira, para apresentar e convidar a entidade para a construção coletiva do projeto “Sementes de Proteção de Defensores e Defensoras de Direitos Humanos”. O objetivo da ação é fazer frente aos ataques, retrocessos e violações dos direitos humanos intensificados nos últimos anos visando organizar forças e construir coletivamente estratégias para proteção popular dos defensores/as que são engajados na luta pelos direitos humanos.
O ato de lançamento do projeto será realizado virtualmente, no dia 04 de agosto de 2021,às 15h. O evento será transmitido pelas redes sociais das organizações e movimentos participantes do projeto e será divulgado próximo a data.
ENTIDADES APOIADORAS
O projeto “Sementes de Proteção de Defensores e Defensoras de Direitos Humanos” é desenvolvido pela Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) e uma série de entidades parceiras: Movimento Nacional de Diretos Humanos (MNDH), Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), We World GVC Onlus, com participação associada da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos (AMDH) e Conselho Indigenista Missionário (CIMI). A ação conta com o cofinanciamento da União Europeia.
Em razão das situações de violência e invasão do território por grileiros, a comunidade Quilombola, Pesqueira e Vazanteira de Croatá, localizada na zona rural do município de Januária, em Minas Gerais (MG), passa a integrar o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH-MG) a partir deste mês de julho de 2021. A decisão foi aprovada em reunião ordinária do Conselho Deliberativo do programa (CONDEL) composto por várias instituições da sociedade civil, dos sistemas de justiça e segurança pública e presidido pela diretoria de promoção da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (SEDESE-MG).
A comunidade conta com cerca de 30 famílias que preservam seus costumes e tradições. Segundo relatos das lideranças, nesses últimos meses os grileiros estão em ataque deliberado ao território. Áreas preservadas estão sendo derrubadas para o comércio ilegal de madeira, além do uso da terra para criado de gado e formação de pasto às margens do Rio Ipueira até o Rio São Francisco, afetando ambientalmente áreas de rios, lagos e nascentes, e a subsistência dos quilombolas.
Dentre as medidas adotadas, além da inclusão ao Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH-MG), para a proteção às lideranças e ações de comunicação para dar visibilidade às denúncias, as entidades que apoiam a comunidade entraram também com representação do caso no Ministério Público Federal (MPF). A Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH), o Conselho Pastoral dos Pescadores e a NISSA/UNIMONTES também acompanham o conflito.
Representantes da comunidade de Antônio Pereira, além de instituições da sociedade civil e professores da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em Minas Gerais, debatem nesta terça (06/07) e quarta (07/07), a partir das 19h, sobre “Mineração, Água e Meio Ambiente, na live Água, riqueza e conflitos em territórios minerados”. O evento será transmitido pelo facebook da Frente Mineira de Luta das Atingidas e dos Atingidos de Antônio Pereira (FLAMa) – MG.
Participam do debate a engenheira geóloga e membro da FLAMa e da Comissão dos Atingidos de Antônio Pereira, Ana Carla Cota, junto ao produtor rural e o vice-presidente do Instituto Guaicuy e membro do Projeto Manuelzão, Ronald Carvalho. Para Ana Carla, que vivencia todos os problemas decorrentes da mineração no distrito de Antônio Pereira desde a infância, é importante discutir sobre água, um bem público e indispensável à vida, principalmente no contexto da mineração. “As empresas estão extraindo até o osso. A mineração predatória avança e está secando nossos rios e nascentes”, comentou. Vale ressaltar que Ana Carla Cota também é atendida pelo Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos, executado pelo Instituto DH.
Outros representantes de entidades e outras organizações sociais também participarão da mesa de discussões. O servidor da UFOP, Aguinaldo Conceição, o professor da UFOP e membro do comitê sanitário de defesa popular de Ouro Preto, Mariana e região, Guilherme Lima, o representante da SAAE, Eloi Martins e o diretor do sindicato Metabase Inconfidentes, Bruno César. O tema debatido por eles será “O acesso à água é um direito! As lutas na região foram contra a privatização da água”. A mesa será realizada no dia 7 de julho, às 19h, no facebook da FLAMa – MG.
MINERAÇÃO EM ANTÔNIO PEREIRA, DISTRITO DE OURO PRETO/MG
Toda a problemática em torno da mineração não é de hoje em Antônio Pereira e em toda Ouro Preto. A história do distrito, bem como da Vila Samarco, vem sofrendo impactos recorrentes relativos à mineração. Desde o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, a segurança da barragem do Doutor se tornou um problema complexo para a comunidade que se viu obrigada a se retirar do território.
Em 2020, após embargo do Ministério Público, a Vale iniciou o processo de desativação da estrutura daquela barragem e, no mesmo período, iniciou-se o processo de remoção das famílias do local. Até o momento, quase 80 famílias já foram retiradas de suas casas, alterando radicalmente suas rotinas e sua relação em comunidade.
SERVIÇO:
LIVE: MINERAÇÃO, ÁGUA E MEIO AMBIENTE
Data: 06 de julho de 2021, terça-feira, às 19h
Transmissão: Facebook da FLAMa-MG (facebook.com/flamamg/)
LIVE: O ACESSO À AGUA É UM DIREITO! As lutas na região inconfidentes contra a privatização da água.
Data: 07 de julho, quarta-feira
Transmissão: Facebook da FLAMa-MG (facebook.com/flamamg/)