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Mobilização social e relações comunitárias são temas de oficina do PPDDH-MG para comunidades quilombolas, em Januária/MG

Resistência, tradição e muita descontração marcaram o evento “Encontro de Resistência das Comunidades do Território de Itapiraçaba e adjacências”, realizado na Comunidade Quilombola, Pesqueira e Vazanteira de Croatá, em Januária, no norte de Minas Gerais, nos dias 27 e 28 de maio de 2022. A ação foi organizada pelas comunidades tradicionais com o apoio do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP).

O objetivo foi reunir quilombolas de quatro comunidades tradicionais – Caraíbas, Croatá, Gameleira e Sangradouro Grande – e que sofrem ameaças de fazendeiros e jagunços por defenderem a permanência em seus territórios. O encontro teve como intuito também debater sobre direitos dos povos quilombolas, os elementos culturais que as caracterizam e os impactos nas relações comunitárias entre defensores/as de direitos humanos.

Nesta perspectiva, foi realizada na sexta-feira (27/05) pela equipe técnica do Programa de Proteção aos(às) Defensores(as) de Direitos Humanos (PPDDH-MG), a oficina “Relações de Luta e Impactos Psicossociais da Resistência” que teve como finalidade discutir sobre os desafios e limites das ações coletivas e comunitárias, fortalecer a identidade coletiva e identificar mecanismos de mobilização e proteção em conjunto com as comunidades e rede parceira.

Durante a formação, os quilombolas participaram ainda de uma roda de conversa sobre o papel dos(as) defensores(as) de direitos humanos na sociedade e, em seguida, o grupo elencou palavras que remetesse a atuação de movimentos sociais organizados e defensores(as) por direitos humanos e que foram utilizadas para a composição de uma música de forma coletiva.

No segundo momento, os quilombolas também participaram da oficina “Diálogos sobre os relatórios antropológicos no contexto de lutas”, ministrada pelas integrantes do Núcleo Interdisciplinar de Investigação Socioambiental (NIISA), ligado à Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). A proposta foi apresentar os elementos do relatório antropológico elaborado pelo NISSA à comunidade para fins de conhecimento e valorização da cultura e de demarcação dos territórios quilombolas.

No dia 28 de maio, sábado, além do NISSA que deu continuidade aos diálogos sobre os relatórios antropológicos, as comunidades também tiveram a oportunidade de conhecer Estudos de Casos realizados por estudantes de direito e que são acompanhados pelo Movimento Sem Terra (MST) do Norte de Minas. O evento terminou com uma noite cultural organizada pelos próprios quilombolas e entidades parceiras.

As oficinas formativas estão previstas no Plano de Trabalho do PPDDH/MG para as defensoras e defensores incluídos no Programa e a rede parceira de atendimento relacionadas às medidas protetivas previstas e deliberadas pelo Conselho Deliberativo (CONDEL), coordenação geral e equipe técnica.

Veja fotos do evento e no instagram do Instituto DH – @institutodhorg

A atividade integrou a programação do “Encontro de Resistência das Comunidades do Território de Itapiraçaba e adjacências”, organizado pelas comunidades com  apoio da CPP.
Entrada da Comunidade Quilombola de Croatá /
Foto: Instituto DH/PPDDH/MG
Oficina “Relações de Luta e Impactos Psicossociais da Resistência” / Foto: Instituto DH/PPDDH/MG
Oficina “Relações de Luta e Impactos Psicossociais da Resistência” / Foto: Instituto DH/PPDDH/MG
Oficina “Relações de Luta e Impactos Psicossociais da Resistência”/ Foto: Instituto DH/PPDDH/MG

Instituto DH participa do Encontro Nacional – Proteção Popular de Defensores/as de Direitos Humanos

O encontro foi realizado no âmbito do projeto Sementes de Proteção entre os dias 17 e 19 de maio, em Brasília.
Encontro Nacional Proteção Popular de Defensores(as) de Direitos Humanos

A vice-diretora do Instituto DH e coordenadora do Programa de Proteção aos(às) Defensores(as) de Direitos Humanos (PPDDH/MG), Maria Emília, e o articulador e psicólogo, Guilherme Couto, participaram entre os dias 17 e 19 de maio do Encontro Nacional – Proteção Popular de Defensores(as) de Direitos Humanos, em Brasília.

Ato Público em Defesa da Democracia

O evento teve como objetivo dar sequência no aprofundamento dos temas de atuação e fortalecer o engajamento das organizações e participantes na efetivação dos compromissos pactuados para a implementação da Iniciativa de Proteção Popular em seus estados.

Os representantes do Instituto DH participaram de ações formativas e do ato público em Defesa da Democracia: Pela Vida de Defensoras/es de Direitos Humanos, realizado na Praça Três Poderes, na capital federal. Também estiveram presentes dezenas de ativistas e militantes de organizações e movimentos sociais de todo o país que compõe o projeto Sementes de Proteção.

O Projeto Sementes de Proteção é desenvolvido pela SMDH, MNDH, Abong e We World GVC Onlus, com participação associada da CPT, da ABGLT, AMDH e CIMI. O co-financiamento é da União Europeia. Em Minas Gerais, a entidade responsável pela execução do projeto é o Instituto DH.

Veja mais fotos no instagram do Instituto DH: @institutodh

Lideranças defensoras de direitos humanos impactadas pela mineração em MG participam de oficina sobre autoproteção realizada pelo Instituto DH

Foto reprodução: Frontline Defenders

Promovida pela equipe técnica do Programa de Proteção aos(às) Defensores(as) de Direitos Humanos de Minas Gerais (PPDDH/MG), lideranças impactadas pela mineração foram convidadas pelo Instituto DH e Assessorias Técnicas Independentes (ATIs) para participarem de uma oficina sobre autoproteção, realizada nos dias 11 e 18 de maio de 2022 de forma virtual.

A proposta da formação teve como objetivo compartilhar e construir estratégias de autoproteção no contexto de ameaças e violação de direitos humanos que tais lideranças e defensores(as) estão sujeitas por estarem na luta pela preservação ambiental e defesa dos seus territórios.

O aumento das ações de mineração por todo o estado e os rompimentos das barragens de Mariana e Brumadinho estão entre os principais desastres industriais, ambientais e humanitários da história brasileira. As consequências de ambos os casos, além do avanço da mineração em áreas ainda preservadas, preocupam moradores dessas localidades que são intimidadas e ameaçadas pelas empresas e seus interlocutores por defenderem seus direitos de reparação e de cuidado com o meio ambiente.

Nesse sentido, a oficina de autoproteção teve como função também possibilitar que os/as atingidos/as pudessem conhecer e compartilhar suas histórias e vivências em busca de ações de auto fortalecimento dos coletivos que atuam contra os abusos das empresas mineradoras nos territórios. Além disso, durante a formação foram traçadas estratégias de proteção e de circulação no território, tendo em vista as ameaças. A ideia é que o resultado das discussões gere uma cartilha sobre autoproteção para distribuir para outras lideranças.

A demanda pela oficina partiu do Instituto Guaicuy que assessora a região do Bacia do Paraopeba e da Represa de Três Marias, e contou ainda com a parceria da Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (AEDAS) e o Instituto Nenunca de Desenvolvimento Sustentável (INSEA) que também convidaram lideranças dos territórios que atuam.

Segurança digital é tema de formação para a equipe técnica do Instituto DH

Oficina de Segurança de Digital / Foto: Instituto DH/2022

O funcionamento da internet e o uso das centenas de recursos que ela oferece foi tema da Oficina de Segurança Digital realizada na última sexta-feira, 13 de maio, na sede do Instituto DH. A formação foi ministrada por profissionais da Escola de Ativismo, coletivo independente que promove ações em diferentes temáticas para o fortalecimento dos direitos humanos e da democracia. A atividade foi articulada pela equipe técnica do Programa de Proteção aos(às) Defensores(as) de Direitos Humanos (PPDDH/MG) e contou com a participação de colaboradores de outros projetos do Instituto DH.

Oficina de Segurança Digital / Foto: Instituto DH/2022

Em função da necessidade de promover mais segurança às informações dos dados que circulam no cotidiano das ações, uma vez que muitos são de caráter sigiloso, a formação teve como objetivo apresentar os princípios básicos da internet e como se dá os processos de gerenciamento de senhas e e-mails, além de outros aspectos relacionados à segurança em ligações telefônicas e em aplicativos de mensagens.

Depois de dois anos com dezenas de reuniões e oficinas virtuais no ápice da pandemia, o Instituto DH retornou às atividades presenciais sem esquecer dos cuidados necessários para a prática profissional no mundo on-line. Outro fator que culminou na escolha do tema se deve também a invasão de hackers pró-Bolsonaro na “Oficina Estadual Virtual do Projeto Sementes de Proteção: defendendo vidas”, realizada em fevereiro deste ano.

Equipe Instituto DH / Foto: Instituto DH/2022

Xacriabás recebem visita da equipe técnica do PPDDH-MG

Depois de dois anos em pandemia, a equipe técnica do Programa de Proteção aos(às) Defensores(as) de Direitos Humanos (PPDDH-MG) realizou entre os dias 02 e 04 de maio de 2022, a primeira visita de acompanhamento aos defensores indígenas Xacriabás, em São João das Missões, no norte de Minas Gerais, depois do incêndio na Escola Estadual Indígena Xukurank, da Aldeia Barreiro Preto, em junho de 2021.

O encontro teve como objetivo debater as situações de violações de direitos humanos aos indígenas incluídos no PPDDH-MG, bem como realizar o acompanhamento de rotina in loco. A reunião contou com a participação de vários Caciques das Aldeias que pertencem aos Xacriabás e demais defensores incluídos no programa.

Entre as demandas mais urgentes, os indígenas abordaram sobre a necessidade de uma audiência pública com órgãos municipais e estaduais, a ampliação do diálogo com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e o Ministério Público (MP) de Montes Claros e, ainda, sobre a regularização do “lixão” do município que encontra-se no território indígena, assim como as ameaças de invasão que vem ocorrendo.

Também foi pauta o desgaste da relação com a prefeitura do município de São João das Missões, uma vez que as demandas nunca são atendidas, principalmente, no que refere-se as questões de saúde dos indígenas. Além disso, no que tange à prefeitura de Itacarambi, os indígenas relatam sobre os problemas de abastecimento de água, cada vez mais recorrente. Eles ressaltaram também sobre a importância do acompanhamento próximo do PPDDH-MG, que em função da pandemia, esteve distante neste período. Na ocasião, a equipe reapresentou as diretrizes de atuação do programa e pactuou como atuaremos daqui para a frente.

Por fim, entre os principais encaminhamentos, definiu-se que será realizado estudo para viabilizar a instalação de câmeras de segurança, a realização de ações de visibilidade com o intuito de divulgar as demandas da comunidade e a articulação junto ao PPDDH-MG nos órgãos de justiça e do município para atendimento às reinvindicações e para a realização da audiência pública.

ESCOLA INDÍGENA INCENDIADA

Sala da Escola Indígena incendiada – Foto: PPDDH-MG/Instituto DH

Uma das professoras indígenas, também incluída no PPDDH-MG, relatou sobre a falta de resposta sobre o incêndio à Escola Indígena Xuxurank, na aldeia Barreiro Preto. Infelizmente, o processo foi arquivado porque a Polícia Federal não conseguiu reunir provas de autoria, embora haja fortes indícios de que o incêndio foi criminoso. Em seguida, o Ministério Público Federal (MPF) solicitou o arquivamento do processo no mês passado.

Sala improvisada com tabumes na Escola Estadual Indígena Xukurank, da Aldeia Barreiro Preto – Foto: PPDDH-MG/Instituto DH

Atualmente, as atividades da escola estão sendo realizadas em local improvisado. Toda estrutura está em reforma para readequação do espaço e reparos essenciais. Segundo os indígenas, são necessários mais recursos para acelerar as obras. A instituição atende mais de 100 estudantes indígenas nos três turnos de funcionamento.

REUNIÃO COM SECRETÁRIOS MUNICIPAIS

Reunião com secretários municipais da prefeitura de São João das Missões, equipe PPDDH-MG e representantes indígenas / Foto: PPDDH-MG/Instituto DH

Articulada pela equipe técnica do PPDDH-MG, a reunião com as autoridades de São João das Missões contou com a presença da Secretária de Desenvolvimento Social, Denusa Sousa, o Secretário de Governo, Edvânio Ferreira, e os representantes dos indígenas e Conselheiro de Saúde, Maciel da Silva e Geovane Dourado. A proposta da reunião foi debater sobre os problemas levantados pelos Xacriabás da Aldeia Morro Vermelho na tentativa de dar mais celeridade na resolução das demandas.

Entre as principais demandas trazidas estavam os problemas relacionados a falta de repasse dos recursos da saúde, as estado das estradas, as consequências trazidas pelo “lixão” no território e a política de destinação de cestas básicas.

O QUE DISSERAM AS AUTORIDADES E INDÍGENAS

Secretário de Governo: explicou que o problema do “lixão” é antigo e que o novo projeto vai melhorar a situação, mas pontuou que as providências serão resolvidas a longo prazo e que existe a possibilidade de transferência dos resíduos para o município de Pedras de Maria da Cruz. O secretário afirmou também que realizará um levantamento sobre as questões que envolvem o “lixão” e que agendará uma reunião com os Xacriabás para repasse das ações de saúde que estão em andamento.

Secretaria de Desenvolvimento Social: afirmou que a situação de vulnerabilidade social que atinge o município é muito complexa em função da extensão do território e da problemática envolvendo o uso abusivo de álcool e outras drogas. A secretária informou também que só existe um Centro de Assistência Social (CRAS) no município e que fica localizado em território Xacriabás, o que dificulta os atendimentos.

Assim como na reunião com as lideranças, os representantes indígenas relataram a dificuldade de diálogo com a Polícia Federal e a FUNAI, além de cobrarem o retorno das reuniões integradas do Conselho de Segurança Pública que auxiliavam a comunidade.