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Comunidade Gerú Tucunã Pataxó lança protocolo de consulta no Dia dos Povos Indígenas

Protocolo de Consulta, Livre, Prévia e Informada Comunidade Gerú Tucunã Pataxó I Capa: Anderson Rodrigues

No dia 19 de abril de 2024, em uma celebração em seu território, a Comunidade Gerú Tucunã Pataxó lançou o seu Protocolo de Consulta, Livre, Prévia e Informada. O evento, realizado no Dia dos Povos Indígenas, foi um momento importante para a comunidade, que busca assegurar seu direito de ser ouvida e consultada em processos que afetem seu território e sua cultura.

A festividade teve uma programação extensa, iniciando com rituais e culminando com o lançamento oficial do Protocolo de Consulta durante a tarde. Além disso, um casamento indígena também foi celebrado, tornando o evento uma ocasião de confraternização e reafirmação da identidade cultural do povo Pataxó.

O Protocolo de Consulta é uma medida destinada a garantir que a comunidade seja consultada em processos, projetos de pesquisa e empreendimentos públicos e privados que possam impactar diretamente ou indiretamente o seu território.

A Consulta Livre, Prévia e Informada é um direito assegurado aos povos indígenas e tradicionais pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de 1989, refletindo a importância internacionalmente reconhecida de respeitar as vozes e os direitos das comunidades indígenas. A elaboração do Protocolo de Consulta da comunidade contou com o apoio fundamental do doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal de Goiás, Antônio Gonçalves.

SOBRE A COMUNIDADE GERÚ TUCUNÃ PATAXÓ

A Comunidade Gerú Tucunã Pataxó está localizada no Parque Estadual do Rio Corrente, no Vale do Rio Doce, especificamente no município de Açucena, Minas Gerais. Originários da aldeia mãe Barra Velha, em Porto Seguro, Bahia, e da Terra Indígena Fazenda Guarani, em Carmésia, Minas Gerais, o povo Pataxó Gerú Tucunã habita uma área de aproximadamente 5.065 hectares dentro do Parque, conforme estabelecido pelo Decreto no 40.168 de 17 de dezembro de 1998.

DESAFIOS E AMEAÇAS

Equipe do PPDDH/MG em visita ao defensor incluído, Cacique Baiara | Foto: Instituto DH

A comunidade enfrenta desafios significativos, incluindo ameaças à sua liderança e território. Desde julho de 2010, têm lutado contra a invasão de suas terras por posseiros e criadores de gado da região. Essas ameaças se manifestaram na época por meio de incêndios e tentativas de invasão, colocando em risco não apenas o território, mas também a segurança e o modo de vida da comunidade.

Em abril de 2012, o cacique Baiara – José Terêncio Braz, solicitou a inclusão ao Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos de Mias Gerais (PPDDH/MG) devido às crescentes ameaças enfrentadas pela comunidade. Desde então, o programa tem articulado junto aos órgãos e autoridades e apoio para garantir sua segurança e preservar seus direitos fundamentais, principalmente, no que tange a articulação para a regularização fundiária do território.

O lançamento do Protocolo de Consulta marca não apenas um passo importante na defesa dos direitos da comunidade Gerú Tucunã Pataxó, mas também um lembrete da importância de respeitar e proteger os povos indígenas e seus territórios.

Acesse o Protocolo de Consulta aqui: https://drive.google.com/file/d/1Y4zJy0AAvBfWgecPy9v6f7OxiZxJnQcj/view?usp=sharing

Líder quilombola em perigo: PPDDH/MG aciona rede de proteção em resposta às novas ameaças

Antônio Cosme, liderança da Comunidade Quilombola Baú I Foto Instituto DH

Diante das novas ameaças, a equipe técnica do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH/MG) mobilizou uma extensa rede de proteção, envolvendo parlamentares estaduais e federais, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), a Polícia Militar (PM), entidades judiciárias como o Ministério Público (MP) e a Defensoria Pública (DP), além de outros setores da sociedade civil como forma de assegurar a máxima segurança de Antônio Cosme e de toda a comunidade quilombola.

Em mais um episódio de tensão, Antônio Cosme, líder quilombola e defensor de direitos humanos, do Quilombo Baú, em Araçuaí, recebeu novas ameaças de morte por parte de fazendeiros locais. A situação atingiu um nível crítico com a divulgação, pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) , do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), um documento crucial para a regularização fundiária do território.

Cosme é incluído no PPDDH/MG desde 2014. Além do Quilombo Baú, o Programa de Proteção atende mais 19 lideranças quilombolas, totalizando 15 comunidades remanescentes de quilombo.

CONFLITO SEM FIM

O Quilombo Baú tem sido palco de uma batalha constante entre os quilombolas e os poderosos fazendeiros da região. Denúncias de violência e tentativas de criminalização das lideranças têm sido frequentes, intensificando-se nos últimos anos. Antônio Cosme, incluído no PPDDH/MG, já havia sido forçado a deixar o território em 2018, enfrentando agora uma nova onda de perigos. Esta batalha não é apenas pelo território, mas pela sobrevivência de um povo e pela preservação de sua história e cultura.

REDE DE PROTEÇÃO

No vídeo a seguir, Neila Batista, Superintendente do INCRA em Minas Gerais, aborda sobre o processo de regularização fundiária das comunidades quilombolas, com foco especial no Quilombo Baú.

Em seguida, Mônica Borges, coordenadora-geral de regularização fundiária de territórios quilombolas do INCRA, detalha as ações implementadas pela autarquia para mitigar os riscos de novas ameaças, especialmente durante a divulgação das etapas do processo de regularização fundiária.

Assista aos depoimentos aqui: https://www.instagram.com/reel/C6MYv0WuaxM/?igsh=MWJlbGhjNjByb3JqdA==

Comissão Pastoral da Terra revela recorde de Conflitos no Campo em 2023

Relatório “Conflitos no Campo Brasil”


Nesta segunda-feira, dia 22 de abril de 2024, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançou a 38ª edição do relatório “Conflitos no Campo Brasil”, destacando os alarmantes índices de violência ligados a questões agrárias em 2023. Sob o primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula, o país testemunhou o maior número de conflitos desde o início das pesquisas em 1985, totalizando 2.203 incidentes, superando os anos anteriores.

A maioria dos conflitos registrados envolve disputas pela terra, com 1.724 ocorrências, seguidas por casos de trabalho escravo rural (251) e conflitos relacionados à água (225). A Bahia liderou os registros, seguida pelo Pará, Maranhão, Rondônia e Goiás. A região Norte apresentou o maior número de conflitos, seguida pelo Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

Os conflitos afetaram 950.847 pessoas disputando 59.442.784 hectares em todo o Brasil. Embora o número de pessoas envolvidas tenha aumentado em 2,8% em relação ao ano anterior, a área disputada diminuiu em 26,8% em comparação com o mesmo período.

O relatório também destaca as principais causas da violência, incluindo ações de fazendeiros, empresários e governos estaduais, além do crescimento das ações de resistência, como ocupações e retomadas.
O “Conflitos no Campo Brasil” é uma fonte crucial de pesquisa e análise para diversos setores e instituições interessadas nas dinâmicas socioeconômicas do campo brasileiro, sendo elaborado anualmente pela CPT com base em um extenso trabalho de apuração e documentação.

Acesse o relatório: https://www.cptnacional.org.br/downlods?task=download.send&id=14308:conflitos-no-campo-brasil-2023&catid=41