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Realidades Socioambientais Contra-hegemônicas: Emancipação Social e Sustentabilidade

PREFÁCIO

ALEXANDRE BERNARDINO COSTA

Professor Associado Faculdade de Direito da Universidade de Brasília – UnB

Há um discurso que toma conta do cenário mundial, e parece estar ainda mais forte no Brasil: a postura ideológica contra os direitos humanos e o aparente discurso único sobre as possibilidades de desenvolvimento econômico e social.

O livro organizado por João Batista Moreira Pinto e Mariza Rios vai na contramão desse discurso ao buscar analisar projetos, relações e realidades contra-hegemônicas de emancipação social e de sustentabilidade, bem como sobre direitos humanos. Dessa forma, os autores possibilitam uma reflexão sobre o momento histórico em que estamos inseridos e suas alternativas.

No ano de 2016 o Brasil passou por uma forte ruptura institucional. Dessa ruptura desenvolveram-se práticas agressivas e mesmo violentas por parte de setores conservadores da sociedade contra minorias, movimentos sociais e até contra defensores de direitos humanos.

Diante desse quadro de criminalização, publicar um livro que trate de experiências concretas e reflexões sobre processos contra-hegemônicos de emancipação social e sustentabilidade; assim como afirmar direitos humanos e defender os movimentos sociais que fazem a luta cotidiana pela implementação de direitos tornou-se um ato de coragem política e epistemológica.

Ao se debruçarem sobre questões teóricas e práticas de sustentabilidade e direitos humanos, os autores fazem um giro no discurso dominante para demonstrarem outra realidade possível. Ao discutirem sobre comunidades indígenas e quilombolas; experiências coletivas de agroecologia; economia popular solidária; coleta de lixo seletiva solidária; direito à moradia e ao meio ambiente equilibrado; a implementação de políticas públicas socioambientais que geram desenvolvimento e, por fim, realidades socioambientais contra-hegemônicas ao discurso do desenvolvimento, os autores da obra coletiva não perdem o rigor acadêmico necessário à crítica ao modelo vigente, e tão pouco deixam de marcar posição política e epistemológica em favor dos excluídos e pela democratização do acesso aos bens sociais, econômicos e culturais, baseando-se em uma “sustentabilidade com desenvolvimento” e calcados nos direitos humanos.

Por fim, os vários textos que compõem a obra nos dão um leque de possibilidades teórico-metodológicas e práticas para contrapormos ao modelo e ao discurso hegemônico vigente.

Pelos motivos expostos acima acredito que o livro torna-se uma leitura obrigatória que será feita com muito proveito e prazer.