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Proposta de alteração no Parque Alto Cariri é criticada em audiência pública, na ALMG

Projeto de Lei (PL) 1.480/15, que altera os limites do Parque Estadual Alto Cariri, nos municípios de Salto da Divisa e Santa Maria do Salto (Jequitinhonha), foi duramente criticado nesta terça-feira (7/12/21), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A coordenação do Programa de Proteção as Defensoras e Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais (PPDDH-MG) também participou da audiência pública.

Quase todos os convidados de reunião da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável fizeram ressalvas ao projeto de autoria do deputado Carlos Pimenta (PDT), boa parte considerando que ele representa um retrocesso socioambiental.

Mesmo julgando louvável a intenção de Carlos Pimenta, o presidente da comissão e autor do requerimento de audiência, deputado Noraldino Júnior (PSC), avaliou que o projeto trará prejuízo para o meio ambiente. “Estudando o projeto da forma como está, não vi ganho ambiental”, afirmou. Ainda na opinião dele, se, por um lado, a proposição aumenta o limite do parque, por outro, retira parte de reserva natural, gerando impactos ambientais e também sociais.

IEF – Maria Amélia Mattos Lins, diretora-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF), afirmou que a equipe técnica desse órgão, após visita ao Parque Estadual Alto Cariri, concluiu que a área a ser anexada, prevista no PL, está com atributos ambientais aquém daqueles da área atual.

O parque foi criado pelo Governo do Estado pelo Decreto 44.726, de 2008. A unidade abriga remanescente de Mata Atlântica que se estende pelo Sul da Bahia, sendo responsável pela preservação de espécies ameaçadas. A proteção do monocarvoeiro, maior primata das Américas, que está presente na região, é garantida por essa unidade de conservação (UC) em conjunto com o Refúgio de Vida Silvestre Mata dos Muriquis, em Santa Maria do Salto.

Projeto de morte – O assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Minas Gerais, frei Gilvander Luis Moreira, enfatizou que acompanha a luta do povo pobre de Salto da Divisa há muitos anos, tendo desenvolvido inclusive pesquisas acadêmicas na região.

“Chegamos à conclusão de que o PL 1.480 é um projeto de morte”, criticou. Ele lembrou de vítimas de violações de direitos humanos por terem defendido o Parque do Cariri, como duas pessoas que sofreram emboscada e outra que foi incluída em programa de proteção a testemunhas. De acordo com ele, se a área do parque for modificada, também a água que abastece as cidades próximas estará ameaçada.

O religioso afirmou que na região do parque há os assentamentos Dom Luciano Mendes, com 28 famílias, e Irmã Geraldinha, com 80 famílias. Além disso, existe a comunidade quilombola Braço Forte, com 23 famílias. “Essas 131 famílias, com mais de 600 pessoas, geram muito mais renda do que a Nacional Grafite”, ressaltou Gilvander, referindo-se à mineradora que pretende se instalar em área a ser desafetada pelo PL 1.480/15. Por fim, ele defendeu o arquivamento do projeto. 

Famílias – Também o deputado federal Padre João (PT-MG) considerou não haver ganho ambiental e social com a mudança proposta no PL. “Deve-se olhar primeiro o lado das famílias atingidas. É possível elas permanecerem no território com atividades sustentáveis”, defendeu.

Também criticou os projetos minerários que não garantiriam desenvolvimento para as cidades onde se instalam: “Já morei em Mariana, Ouro Branco e Ouro Preto; se mineração resolvesse, essas cidades não teriam miséria, desemprego, deficit habitacional”.

Grupo de trabalho – Francisco Mourão Vasconcelos, biólogo e conselheiro da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), destacou que a entidade não é completamente contrária à revisão de limites de unidades de conservação. Mesmo reconhecendo que não tinha informações suficientes sobre o projeto de Carlos Pimenta, o dirigente avaliou que até a proposta original de criação do Parque do Alto Cariri apresentava deficiências.

Segundo ele, foram incluídas áreas antropizadas (com ocupação humana) na unidade, a qual, além disso, teria ficado “estreita e comprida”, o que dificultaria a movimentação de espécies selvagens. Ele sugeriu que o IEF crie um grupo de trabalho para analisar todos os impactos relacionados à desafetação proposta, “principalmente no tocante à segmentação da área de proteção”.

Alteração permitirá que se instale mina de grafite

Defendendo o projeto de sua autoria, o deputado Carlos Pimenta afirmou que o Parque Estadual Alto Cariri foi criado em 2008, com 6.151 hectares. E que seu PL retira da unidade de conservação 368 hectares, 75% já antropizados, e acrescenta outros 436 hectares, que incluem “áreas de mata, capoeirão e capoeirinha”, ficando o parque com 6.214 hectares.

Ainda conforme o parlamentar, a demanda pela mudança no parque partiu de alguns políticos de Salto da Divisa, defensores da instalação de uma mineração de grafite em área pertencente à unidade de conservação. A Nacional Grafite já possui na região uma mina, que estaria se exaurindo rapidamente, afirmou Carlos Pimenta. O empreendimento geraria 600 empregos diretos e outros 1 mil indiretos.

“Foi descoberta uma das maiores jazidas de grafite do mundo em uma área do parque. Se a mina atual se extinguir, a Nacional Grafite vai sair de Salto da Divisa e causar um grande desemprego por lá”, disse.

O deputado declarou não possuir nenhum vínculo com a empresa: “Não tenho qualquer relação com a Grafite; tenho, sim, com o município, que pode perder empregos para cerca de 10% da sua população”. A cidade conta com 7 mil habitantes.

Sobre as denúncias de que a instalação da mina acabaria com a água nas cidades próximas, Carlos Pimenta rebateu dizendo que a água vem da Barragem do Rio Jequitinhonha. Ele acrescentou que os prefeitos e os vereadores do município e também de Santa Maria do Salto estão apoiando o PL 1.480/15.

Emocionada, Maria Emília da Silva, coordenadora do Programa Estadual de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, lembrou que várias famílias que moravam em áreas do parque foram obrigadas a se mudar. “Eram 30 famílias que ocupavam o parque, muitas há mais de 60 anos; mas isso foi se reduzindo, e hoje, são apenas quatro famílias, por causa de reiteradas intimidações e ameaças”, relatou.

Assista ao discurso completo no vídeo abaixo.

Discurso Maria Emília Silva, coordenadora do PPDDH/MG, na ALMG, em audiência pública, na ALMG – Fonte: ALMG

Moradores do parque foram obrigados a sair do local 

Sobre esse ponto, a defensora pública Ana Cláudia da Silva Storch, da Defensoria de Direitos Humanos, Coletivos e Socioambientais, acrescentou que uma ação judicial possessória fez com que  famílias da comunidade tradicional do Piabanha tivessem de se deslocar. 

Da mesma forma, Maria Alves de Souza, coordenadora da Comissão Permanente de Povos e Comunidades, destacou que lei estadual de 2014 garante às comunidades tradicionais o direito ao território. E colocou-se contra a aprovação do PL 1.480/15, que não garantiria a preservação do parque nem o direito das pessoas. 

Piabanha – O deputado Doutor Jean Freire (PT) relatou que, ao saber das denúncias, foi até a cabeceira do Piabanha. “Vi ali um povo rico, pessoas com relação de irmandade com a floresta, a água, os animais. Outros produzindo e respeitando o ambiente”, lembrou. Por outro lado, afirmou não ser, a priori, contrário à mineração, mas alegou que essa deve ser praticada com responsabilidade e  respeito às comunidades. 

A deputada Andréia de Jesus (Psol) assumiu o compromisso de fazer também uma audiência sobre o tema. E mostrou preocupação com o avanço da mineração no Estado, o que pressionaria as comunidades tradicionais, justamente as maiores protetoras das reservas ambientais.

Diligência – Após ouvir os convidados, o deputado Carlos Pimenta afirmou que solicitaria novas informações à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável para esclarecer os pontos mais polêmicos da alteração de limites do parque. Defendeu ainda ser preciso verificar a legalidade dos acordos judiciais, a existência de famílias que se recusam a firmar esses acordos e a reavaliação ambiental das áreas a serem substituídas na unidade de conservação.

O deputado Noraldino Júnior, relator do PL 1.480/15, disse que esse novo requerimento de diligência à Semad será votado na próxima reunião da comissão.

Com ALMG

Nota de repúdio contra o prefeito Wender Luciano de Araújo (MDB), de Gurinhatã, Triângulo Mineiro/MG

O Instituto DH – Promoção, Pesquisa e Intervenção em Direitos Humanos e Cidadania por meio do Programa de Proteção às Defensoras e Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais (PPDDH/MG) vem por meio desta nota manifestar repúdio ao prefeito Wender Luciano de Araújo Silva (MDB), de Gurinhatã, no Triângulo Mineiro/MG, pelo comportamento deselegante, desrespeitoso e incompatível com o cargo que ocupa como representante da população do município, depois de agredir verbalmente, na tarde de quarta-feira, 24 de novembro de 2021, na sede da prefeitura, a equipe técnica do PPDDH/MG e da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

No uso de suas atribuições regimentais, a equipe do PPDDH/MG e da Comissão de Direitos Humanos da ALMG, agendou uma reunião com o prefeito para tratar de questões ligadas às políticas de assistência social e de saúde para os trabalhadores e moradores do acampamento Arco-íris. Na chegada da equipe, o prefeito  Wender Luciano (MDB) se apresentou exaltado, recusando-se a receber os representantes do acampamento e limitou o número de pessoas da equipe do PPDDH e da ALMG. Ele aumentou o tom de voz e respondeu aos profissionais de forma arrogante e autoritária, demonstrando total falta de respeito com a equipe e com as instituições por eles representadas.

Como já citado, a reunião tinha como objetivo discutir ações imediatas no que tange ao atendimento das demandas dos acampados do Arco-íris, que vivem na faixa de domínio entre a fazenda Jacuba/Arco-íris e a rodovia MG 461 (km 7 e 8), de responsabilidade do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG). 

O proprietário da fazenda tem intensificado as ações de intimidação. Nos dias 14 e 15 de novembro, por exemplo, os acampados foram envenenados com pesticidas agrícolas que foram aplicados bem próximo ao acampamento, conforme amplamente noticiado pelo Instituto DH. Dois moradores foram conduzidos ao hospital com fortes reações alérgicas e muitos tiveram reações menos graves. Mais de 60 famílias, entre crianças e adultos, vivem no Acampamento Arco-íris. 

A coordenação do PPDDH, assim com a diretoria do Instituto DH, repudia veementemente a atitude do prefeito Wender Luciano (MDB), reiterando  que o diálogo possa prevalecer na mediação de conflitos que envolvem a violação de direitos humanos,  como no caso do acampamento Arco-íris e tantos outros grupos vitimados pela inércia e descompromisso de todos os responsáveis pela efetivação de políticas públicas, direito fundamental garantido pela Constituição Federal de 1988. Todos os órgãos competentes envolvidos serão oficializados em relação à atitude arbitrária e hostil do referido prefeito no acolhimento dado à equipe do PPDDH e da ALMG. 

O Instituto DH e a equipe técnica do PPDDH/MG continuarão a acompanhar os desdobramentos do caso do acampamento Arco-íris, temendo ações mais violentas caso as autoridades locais não se responsabilizem na resolução das graves violações de direitos  dos trabalhadores e acampados que lutam há 13 anos pelo direito à terra e moradia. 

Assinam esta nota de repúdio:  

Diretoria do Instituto DH – Pesquisa, Promoção e Intervenção em Direitos e Cidadania 

Coordenação do Programa de Proteção às Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (PPDDH-MG)

Movimento Nacional dos Direitos Humanos (MNDH)

Belo Horizonte, 26 de novembro de 2021

2ª Conferência Livre para Retornados e Emigrantes do Estado de Minas Gerais

SEBRAE Minas, OIM, PUC-MG, UNIVALE e IDH realizarão Conferências Livres, com foco em RETORNADOS, EMIGRADOS E FAMILIARES, como etapa importante do 1º Plano Estadual para Migrantes, Refugiados, Retornados e Apátridas, que está sendo elaborado pelo Governo de Minas Gerais.

Conferência virtual (100% online) acontecerá no dia 20/11/2021, das 13:00 às 16:00

Conferência presencial acontecerá em Governador Valadares, no SEBRAE Minas, localizado à Av. JK, 1074, Vila Bretas, no dia 06/11/2021, das 14:00 às 17:00.

Se você é EMIGRANTE RETORNADO, EMIGRANTE MINEIRO NO EXTERIOR, FAMILIAR, PODER PÚBLICO OU INSTITUIÇÃO DE APOIO, participe! Com sua contribuição, o 1º Plano Estadual para Migrantes, Retornados e Apátridas de Minas Gerais poderá ficar ainda mais adequado.

Link para Inscrição: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfoRfPrddnPBiar84NT1-rWgWsp_ms_5GQKi7cEqYin2egN2g/viewform

Mais informações: https://oferta.sebraemg.com.br/migrantes-e-refugiados-em-minas

Equipe Técnica do PPDDH-MG visita território Geraizeiro vandalizado por incêndio, no Vale das Cancelas, Norte de MG

A equipe do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais (PPDDH-MG), executado pelo Instituto DH, realizou a primeira visita técnica de acompanhamento técnico desde o início da pandemia de COVID-19. A viagem ocorreu entre os dias  07 e 09 de outubro de 2021, ao Acampamento São Francisco – pertencente ao núcleo Lamarão e que compõe mais de 20 comunidades Geraizeiras – situadas no Vale das Cancelas, norte de Minas Gerais.

Além de conhecer o território, o objetivo da visita foi compreender as circunstâncias do incêndio do dia 04 de outubro (segunda-feira) ao acampamento, que segundo relatos dos próprios defensores, teria sido criminoso. As chamas destruíram nove barracos, sendo dois de uso coletivo – uma cantina comunitária e o espaço de reuniões da comunidade. Houve prejuízo também nas plantações e na vegetação nativa, além da caixa d’água comunitária que foi vandalizada, impossibilitando o acesso à água potável aos moradores.

A equipe, composta pela coordenação-adjunta, dois técnicos sociais e apoio (motorista), acompanhou o deslocamento até a casa do defensor de Direitos Humanos e liderança do território tradicional incluído no PPDDH/MG, Adair Nenzão, para a realização da perícia marcada para aquela data, mas que infelizmente foi desmarcada.

Na ocasião, a equipe técnica acompanhou ainda o depoimento de Marlene e Adair e de outras lideranças geraizeiras, junto à Polícia Civil de Grão Mogol/MG, que resultou com a instauração do inquérito policial para apurar os fatos e identificar os possíveis autores do incêndio.

O inquérito se coloca como fundamental para enfrentar a situação de insegurança deixada entre as famílias e tem como intuito fazer frente às ameaças contra a comunidade. Os geraizeiros entendem que a luta social é importante para continuar a  preservação do território que lhes pertence em decorrência de sua ancestralidade, uma vez que ocupam aquelas terras há muitos anos. Eles reforçam que lutarão para que seus direitos sejam garantidos e irão se defender dos ataques aos Povos e Comunidades Tradicionais e pedir  respeito a seus modos de vida.

POSICIONAMENTO DO PPDDH-MG E INSTITUTO DH

O PPDDH-MG, executado pelo Instituto DH em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (SEDESE-MG), se solidariza com o Acampamento São Francisco e se compromete em continuar como aliado na luta pelo território tradicional geraizeiro.

A visita técnica deu oportunidade também para um momento de escuta in loco dos/as acampados/as e a equipe do PPDDH-MG sobre o contexto e desafios impostos na defesa do território, bem como as ações para o combate ao incêndio e reconstrução das estruturas destruídas.

Vale ressaltar que a equipe enviada para a visita está totalmente imunizada contra COVID-19 e continua fazendo uso de máscaras, álcool em gel e respeitando o distanciamento social.

Assessoria de Comunicação PPDDH / Instituto DH

Dia Mundial da Alimentação Saudável: defensores/as e organizações sociais debatem sobre os direitos humanos no Combate à Fome no Brasil

Participantes da Oficina Estadual Virtual de MG

Defensores, defensoras, ativistas, militantes, representantes de entidades, organizações, coletivos e movimentos sociais participaram, na manhã deste sábado, 16/10, no DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL, da primeira Oficina Estadual Virtual de Minas Gerais do projeto Sementes de Proteção: defendendo vidas em parceria com o Instituto DH, o Centro de Defesa de Direitos Humanos (CDDH-Betim), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Comissão Pastoral da Terra (CPT).

A proposta do encontro foi discutir sobre a situação dramática da Fome no Brasil e como os Defensores/as de Direitos Humanos podem criar estratégias para contribuir neste momento em que o país tem mais de 19 milhões de brasileiros em privação extrema de alimentos. Estima-se que 55% da população não come três refeições ao dia, segundo o relatório mais recente da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PenSSAN).

A oficina teve início com uma HOMENAGEM ÀS MAIS DE 600 MIL VIDAS PERDIDAS PELA COVID-19 NO BRASIL. A pedido do mediador, Luiz Renna, os/as participantes fizeram 1 minuto de silêncio. Em seguida, foram realizados dois momentos interativos com o intuito de compartilhar experiências, propiciar o debate e a reflexão. A música Cio da Terra, interpretada por Milton Nascimento e Chico Buarque foi apresentada como forma de pensar sobre o “fazer o alimento”. Em seguida, foram projetadas cinco perguntas problematizadoras para que os/as participantes pudessem ter espaço de fala e trazer sugestões para criar estratégias para o Combate à Fome no Brasil. As respostas formaram uma grande de nuvem de palavras.

Nuvem de Palavras

EXPOSITORES

Encaminhamentos e falas dos/as participantes da Oficina Virtual

O evento contou com três mesas expositivas: a primeira abordou sobre os sistemas agroecológicos e promoção a segurança alimentar e nutricional na produção coletiva de alimentos, representada pela engenheira agrônoma Gisele Bentes. Ela relatou as experiências com hortas comunitárias realizadas pela Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional (SUSAN), ligada à prefeitura de Belo Horizonte.

A segunda convidada, a nutricionista e educadora nutricional e de segurança alimentar, Misley Pereira, abordou sobre a qualidade e indústria dos alimentos processados, e a dificuldade de acesso à alimentos orgânicos, além do resgate dos saberes dos povos e comunidades tradicionais no preparo da sua alimentação.

A terceira e última mesa contou com a presença do cientista político e membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Jairo dos Santos. Ele abordou os motivos pelos quais o Brasil retornou ao mapa da fome e citou o modo como o governo Bolsonaro estrutura sua política de promoção à fome e a miséria.  

“O Bolsonaro e o Bolsonarismo que tornar aquilo que é perverso numa coisa normal. A fome é um projeto político. A fome é um projeto de poder das classes dominantes e que possuem os meios de produção”, explicou.

DIREITOS HUMANOS E O COMBATE À FOME

Durante a plenária final, os/as participantes fizeram sugestões de encaminhamentos para que ações efetivas de combate à fome sejam implementadas junto aos seus coletivos, organizações e movimentos sociais.

A defensora de Direitos Humanos e representante do Movimento dos Atingidos pela Barragem de Brumadinho, Fernanda Perdigão, disse sobre a importância da criação de uma rede de comunicação sobre alimentação saudável e um bloco único de apoio mútuo entre as regiões de Minas.

Para sócio-fundador e ex-diretor do Instituto DH, João Batista Pinto, é fundamental fortalecer um projeto político nacional para articulação dos movimentos que atuam na defesa dos direitos humanos e criar estratégias de comunicação de forma a romper a barreira do estigma que ainda existe na sociedade de que “direitos humanos é para defender bandido”.

Para o integrante do MTST, Jairo dos Santos, “a comunicação em direitos humanos deve se dá a partir do testemunho do outro”, acrescentou.

Encaminhamentos e falas dos/as participantes da Oficina Virtual

SOBRE O PROJETO SEMENTES DA PROTEÇÃO – DEFENDENDO VIDAS

O projeto “Sementes da Proteção” visa fazer frente aos retrocessos e violações dos direitos humanos que foram intensificados nos últimos anos com intuito de reorganizar lideranças e movimentos constituídos coletivamente para traçar estratégias de proteção popular dos defensores/as engajados na luta pelos direitos humanos.

A oficina foi realizada no âmbito do projeto “Sementes de Proteção de Defensores e Defensoras de Direitos Humanos” que é desenvolvido pela Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) e uma série de entidades parceiras: Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), We World GVC Onlus, com participação associada da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos (AMDH) e Conselho Indigenista Missionário (CIMI). A ação conta com o cofinanciamento da União Europeia.

Em Minas Gerais, o Instituto DH é a entidade responsável pela execução do evento em parceria com representantes do Centro de Defesa de Direitos Humanos (CDDH-Betim), da CIMI e a CPT.

PROGRAMA DE PROTEÇÃO AOS DEFENSORES DE DIREITOS HUMANOS (PPDDH-MG)

A primeira Oficina Estadual Virtual de Minas Gerais – projeto Sementes de Proteção também contou como atividade do PPDDH-MG, que é executado pelo Instituto DH. Todos defensores/as incluídos no PPDDH-MG foram convidados a participar. 

O Programa de Defensores/as atua no atendimento e acompanhamento de casos de risco e de ameaça de morte de defensores/as, bem como de violações de direitos humanos em todo o Estado. O PPDDH é uma política pública prevista em decreto estadual e federal que estabelece a Política Nacional de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos (PNPDDH).

Assessoria de Comunicação – PPDDH/MG / Instituto DH

“Direitos Humanos no Combate à Fome” é tema de Oficina Virtual do projeto Sementes de Proteção em parceria com Instituto DH

O Instituto DH – Promoção, Pesquisa e Intervenção em Direitos Humanos e Cidadania em parceria com diversas entidades estaduais que atuam em prol dos direitos humanos realizará no dia 16 de outubro de 2021, sábado, das 9h às 11h30, DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO, a primeira Oficina Estadual Virtual de Minas Gerais do projeto Sementes de Proteção Popular: defendendo vidas.

O projeto “Sementes da Proteção” visa fazer frente aos retrocessos e violações dos direitos humanos que foram intensificados nos últimos anos com intuito de reorganizar lideranças e movimentos constituídos coletivamente para traçar estratégias de proteção popular dos defensores/as engajados na luta pelos direitos humanos.

O objetivo do encontro é dar visibilidade ao debate sobre o combate à fome e a alimentação saudável no contexto atual em que o Brasil retorna ao mapa da fome. A proposta é também contribuir com a atuação dos defensores/as de direitos humanos no Estado de Minas Gerais e fortalecer as redes de proteção popular nos territórios mineiros. Dessa forma, espera-se que o evento possa fomentar ações efetivas que possam garantir maior segurança alimentar aos cidadãos que tiveram esse direito humano básico afetado, principalmente, durante a pandemia de Covid-19.

A oficina será realizado no âmbito do projeto “Sementes de Proteção de Defensores e Defensoras de Direitos Humanos” que é desenvolvido pela Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) e uma série de entidades parceiras: Movimento Nacional de Diretos Humanos (MNDH), Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), We World GVC Onlus, com participação associada da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos (AMDH) e Conselho Indigenista Missionário (CIMI). A ação conta com o cofinanciamento da União Europeia.

Em Minas Gerais, o Instituto DH é a entidade responsável pela execução do evento em parceria com representantes do Centro de Defesa de Direitos Humanos (CDDH-Betim), da CIMI, a ABGTL-MG e a CPT.

INSTITUTO DH E PPDDH/MG

O Instituto DH é a organização do terceiro setor responsável também pela execução do Programa de Defensores de Direitos Humanos em Minas Gerais (PPDDH-MG) que atua no atendimento e acompanhamento de casos de risco e de ameaça de morte de defensores, bem como de violações de direitos humanos em todo o Estado. O PPDDH é uma política pública prevista em decreto estadual e federal que estabelece a Política Nacional de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos (PNPDDH).

PALESTRANTES/DEBATEDORES:

Mediador: Luiz Rena – Pedagogo e Mestre em Psicologia Social com experiência de quase quatro décadas na Educação Básica e no Ensino Superior. É coordenador do Coletivo Brasil da Ágora dos Habitantes da Terra e membro do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Betim (CDDH-Betim).

MESA 1: SISTEMA AGROECOLÓGICOS E PROMOÇÃO A SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NA PRODUÇÃO COLETIVA DE ALIMENTOS: A EXPERIÊNCIA DA SUSAN-BH

Expositora: Gisele Almeida Ferreira Bentes, Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Mestre em Agricultura Orgânica pela Universidade Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), servidora da Prefeitura de Belo Horizonte no apoio às Hortas Comunitárias pela Gerência de Fomento à Agroecologia, Agricultura Familiar e Urbana (GEFAU), da Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional (SUSAN).

MESA 2: EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL: UM RESGATE DOS SABERES TRADICIONAIS NO COMBATE À FOME.

Expositora: Misley Pereira, nutricionista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com atuação nas áreas de Educação Nutricional e Segurança Alimentar. Participa e realiza ações de sensibilização de combate à fome em comunidades periféricas utilizando os saberes dos povos tradicionais para a alimentação saudável e autonomia alimentar. Também é ativista e integrante do Movimento Negro Unificado (MNU) e da Marcha Mundial das Mulheres (MMM).

MESA 3: DIREITOS HUMANOS E INICIATIVAS COMUNITÁRIAS DE COMBATE À FOME

Expositor: Jairo dos Santos, cientista político e integrante da Comissão de Direito à Cidade pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos e membro da Coordenação Nacional do MTST.

PROGRAMAÇÃO:

9h00Recepção aos participantes e objetivos da oficina
9h30Dinâmica interativa sobre “Combate à Fome e Alimentação Saudável”
10hApresentação do projeto Sementes de Proteção Popular de Defensores/as e instituições parceiras em Minas Gerais
10h15Mesa 1: Sistema Agroecológicos e promoção a segurança alimentar e nutricional na produção coletiva de alimentos: a experiência da Susan-BH
10h30Mesa 2: Educação Alimentar e Nutricional: um resgate dos saberes tradicionais no combate à fome.
10h45Mesa 3: Direitos Humanos e iniciativas comunitárias de combate à fome
11hPlenária Final – encaminhamentos

PÚBLICO E INSCRIÇÃO:

A Oficina Estadual Virtual de Minas Gerais do projeto Sementes de Proteção Popular: defendendo vidas é destinado aos defensores/as de direitos humanos do Estado, assim como representantes de grupos, movimentos, coletivos, entidades e organizações da sociedade civil e do poder público que atuam em prol dos Direitos Humanos, sobretudo, que desenvolvem ações de combate à fome, alimentação saudável e segurança alimentar.

As inscrições devem ser realizadas no link:  https://forms.gle/TbmmHWcZedAZLkHT6

PLATAFORMA DO EVENTO:

Será realizada pela plataforma Meet. O link de acesso é: https://meet.google.com/wkn-cxmb-tqb (disponível 10 minutos antes do evento)

SERVIÇO:

Maria Emília, vice-diretora do Instituto DH e coordenadora do PPDDH/MG(31) 99737-8898
Guilherme Couto, articulador e produtor do evento(31) 99699-3349

Território Geraizieiro é alvo de incêndio criminoso, em Grão Mogol/MG

Foto: enviada por moradores da comunidade Geraizeira

No final da tarde de segunda-feira (04/10), o acampamento localizado na Fazenda São Francisco, território tradicional Geraizeiro do núcleo de Lamarão, no município de Grão Mogol, Minas Gerais, foi alvo de um incêndio criminoso, conforme relatos dos moradores da comunidade.

O incêndio ocorreu logo após a celebração do Dia de São Francisco, padroeiro do território, que tinha como objetivo arrecadar fundos para a construção de uma capela no local. Os Bombeiros e a Polícia Militar foram acionados. Apesar de ninguém ter ficado ferido, as comunidades estão indignadas como a forma desumana desse crime, já que são essas populações que preservam as plantas nativas, os rios na região, e cuidam do território.

O acampamento São Francisco completou quatro anos no último domingo (03/10), véspera do incêndio. Cerca de 46 famílias tradicionais Geraizeiras vivem por lá desde outubro de 2017.

Vale lembrar que existe uma ação discriminatória movida pelo Estado de Minas Gerais contra a Floresta Minas, empresa que explora o eucalipto e carvão na região. Segundo os Geraizeiros, o empreendimento vem ameaçando e usando parte das terras de forma ilegal, uma vez que há o decreto de interesse social no qual define a demarcação parcial do território tradicional Geraizeiro do núcleo de Lamarão.

AÇÕES DO PPDDH/MG

O Programa de Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais (PPDDH/MG), no uso das suas atribuições regimentais, recebeu com preocupação as denúncias dos defensores do território e encaminhará junto as autoridades competentes ações de defesa do Povo Tradicional Geraizeiros de Grão Mogol.

Assessoria Comunicação PPDDH-MG

Mesa de Diálogo debate o reassentamento do Acampamento Arco-Íris, em Gurinhatã/MG

Solicitada pela equipe do Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos (PPDDH/MG), foi realizada nesta quinta-feira, (30/09), a reunião da Mesa de Diálogo com representantes do Acampamento Arco Íris e autoridades de órgãos competentes do Estado de Minas Gerais, por via remota.

A Mesa de Diálogo é uma iniciativa do governo do Estado de Minas Gerais com o propósito de promover debates e negociações no intuito de prevenir, mediar e solucionar de forma justa e pacífica, os conflitos em natureza socioambiental e fundiária, mediante a participação dos setores da sociedade civil e do Governo do Estado. No caso do acampamento Arco Íris, o objetivo da Mesa de Diálogo foi de construir propostas de encaminhamentos para o reassentamento das famílias do acampamento.

Participaram da reunião representantes do Departamento de Estradas e Rodagens (DER), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), da Polícia Militar, do Ministério Público Estadual, a coordenação e equipe técnica do PPDDH, representante da defesa dos acampados, representantes e militantes de direitos humanos ligados a entidades que lutam pelo direito à moradia, e dos moradores do Acampamento Arco-Íris.

Após as falas das principais autoridades, um dos pontos de destaque refere-se a data limite para a desocupação do local, proposta em audiência pública realizada em 1 de setembro do presente ano com a participação dos vários órgãos estaduais que acompanham o caso. A proposta inicial para retirada das famílias da faixa de domínio e imediato reassentamento em outra área sinalizava a data de 28 de fevereiro de 2022. No entanto, o DER ainda não se posicionou sobre o prazo proposto, o que vem causando grande ansiedade em todos os envolvidos, já que não há nenhum encaminhamento para essa realocação das famílias em tempo hábil para local seguro.

Para o advogado responsável pela defesa do Acampamento Arco-íris, Dr. Augusto de Souza, a reunião foi importante, pois foi a primeira que contou com encaminhamentos objetivos. “Conseguimos avançar em proposições, mas a pressa do DER em reintegrar me preocupa muito porque as medidas de reassentamento são burocráticas e complexas.”, declarou.

A coordenadora do PPDDH/MG, Maria Emília Souza, explicou sobre a importância do Programa de Proteção como política pública na defesa dos defensores e defensoras ameaçadas de morte e que lutam pelo direito à moradia. Enfatizou também que desde agosto as ameaças aos moradores se intensificaram e que a equipe do Programa tem sido acionada constantemente para intermediar as situações de violações de direitos e ameaças demandando medidas de segurança de competência da Polícia Militar.

A coordenação da Mesa de Diálogo listou todos os encaminhamentos de ordem jurídica como estratégias para solucionar de forma célere esse conflito que já se arrasta por 13 anos. A articulação dos vários órgãos foi fundamental para a construção de várias alternativas que já se apresentam como soluções que devem acontecer em curto prazo no atendimento à situação de moradia dos acampados. As conclusões, algumas já em andamento, serão o mote na organização da vida e assentamento dessas famílias.

O Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH-MG) continuará o acompanhamento do caso junto aos trabalhadores do Acampamento Arco-Íris na esperança de que eles possam ser atendidos pelas autoridades governamentais em todos os âmbitos para fazer valer o direito humano à terra e moradia. 

SITUAÇÃO DO ACAMPAMENTO ARCO-ÍRIS

O acampamento conta com 60 famílias que estão instaladas em moradias improvisadas às margens da Rodovia MG 461, faixa de domínio do DER em frente a Fazenda Jacuba/Arco-íris.

Há mais de uma década os moradores sofrem com o processo de desapropriação dessa faixa que não pertence a fazenda e que foi arquivado pelo INCRA recentemente, sendo, portanto, a última etapa do processo.

Neste período de espera, as famílias sofrem intimidações constantes de jagunços e funcionários da propriedade que ateiam fogo às moradias e destroem o encanamento de água. No momento, os acampados não têm para onde ir e os conflitos na região estão mais acirrados.

Leia mais no site do Instituto DH: https://url.gratis/OSfUGT

Violação de Direitos: comunidades quilombolas do Norte de MG reivindicam acesso à saúde e educação

Moradores de Caraíbas se reúnem para debates os problemas da comunidade. Foto: arquivo CPP

Cinco comunidades de Povos Tradicionais Quilombolas do interior de Minas Gerais enfrentam há décadas os desafios de viver mesmo com a negligência por parte do poder público em seus territórios.

Canabrava, em Buritizeiro, e Caraíbas, localizadas no município de Pedras de Maria da Cruz, e Sangradouro, Croatá e Gameleira, localizadas no município de Januária, vivenciam cotidianamente a violação de direitos sociais em razão da ausência dos serviços públicos no atendimento às demandas mais básicas, sendo as mais urgentes relacionadas à saúde e educação, além de questões ambientais e de demarcação dos territórios quilombolas. 

A situação vem se agravando desde o início da pandemia. Em março de 2020, quando foram decretadas as medidas de isolamento social, os serviços públicos ficaram ainda mais precarizados, sobretudo os mais importantes: a educação e a saúde.

EDUCAÇÃO 

Os territórios quilombolas, localizados em Pedras de Maria da Cruz e Januária, Minas Gerais, vivem há anos com as dificuldades impostas pela localização geográfica de suas comunidades. No entanto, os moradores denunciam a violação de direitos por parte do Estado, que sistematicamente vem negligenciando as demandas por melhores condições e qualidade de vida.

Com a pandemia de Covid-19 e o decreto de suspensão das atividades presenciais nas escolas da região, muitos estudantes ficaram desestimulados com a nova rotina, muitos deles não possuem equipamentos eletrônicos (celulares, tablets e computadores) para acesso à internet e tampouco energia elétrica. Soma-se a isso, a falta de apoio psicológico e pedagógico para conseguir acompanhar os estudos on-line. 

Antes da pandemia, os moradores já viviam as consequências da gestão precária do transporte escolar por falta de manutenção ou falta de combustível. Agora, após a fase aguda da pandemia, as comunidades temem que o acesso à escola seja ainda mais precarizado em função da modalidade de ensino à distância que tende a excluídos do universo escolar ainda mais.

Atualmente, apesar da liberação, em alguns municípios maiores de MG, às aulas presenciais ainda não são uma realidade nesses territórios e não há previsão para o retorno. A partir disso e entendendo que é uma demanda antiga, os estudantes e seus familiares reivindicam a construção de uma escola quilombola, prevista na Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE)/CEB Nº 8, de 20 de novembro 2012, além da presença de um(a) professor(a)/tutor(a) de reforço escolar para o acompanhamento dos estudantes no próprio território.

<https://www.instagram.com/tv/CT7zIadJtWp/?utm_medium=copy_link>

No link acima, assista o vídeo da Ítala, moradora da Comunidade Quilombola, Vanzanteira e Pescadora de Pedra Maria da Cruz, Minas Gerais. Ela gravou este vídeo para denunciar às violações ao direito à educação na comunidade.

SAÚDE

A demanda de saúde no contexto das comunidades quilombolas é uma questão que se alonga há anos no âmbito da saúde pública. Se para os cidadãos que vivem na zona urbana as dificuldades de acesso é difícil, para os cidadãos residentes na zona rural a luta pelo acesso básico é ainda mais desafiadora.

Em tempos de pandemia, os moradores denunciam que as consultas e atendimentos de rotina estão cada vez mais difíceis, uma vez que não possuem uma unidade básica de saúde próxima da comunidade. Em Caraíbas, a comunidade após muita insistir junto as autoridades, recebe os Agentes de Saúde (ACS) regularmente. Em Croatá, coube aos próprios moradores lutarem para garantir o mínimo: o direito preferencial de serem imunizados contra a Covid-19 como comunidade Quilombola e Ribeirinha. A prefeitura de Croatá estuda uma forma de viabilizar o profissional ACS o mais rápido possível, mas não definiu o prazo exato para o retorno. 

A ausência de políticas públicas específicas que atendam efetivamente as comunidades quilombolas traduz, na visão dos moradores, o RACISMO INSTITUCIONAL por parte dos atores políticos e ligados às instituições que atendem a região, tanto nas esferas municipal e estadual. 

<https://www.instagram.com/p/CT7z040JXiy/>

No link acima, assista o depoimento do João Batista, morador quilombola de Caraíbas, Minas Gerais. Ele gravou este vídeo para denunciar as violações de direitos humanos pelas quais vivência há anos na comunidade.

Placa na Comunidade de Croatá. Fonte: arquivo CPP

O QUE DIZEM AS AUTORIDADES

A equipe do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH-MG) que atende as comunidades desde 2014 e acompanha a luta pela defesa dos direitos dos Povos Tradicionais na proteção às ameaças de morte realizadas por de grileiros e fazendeiros direcionadas aos/as defensores/as, agora lutam também pela garantia de direitos básicos. 

A pedido da comunidade e baseado nos objetivos do PPDDH, a equipe técnica articulou reuniões com a rede de proteção, contando com a presença das autoridades do poder público municipais das macrorregiões, como o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), o Centro de Referência em Direitos Humanos do Norte de Minas Gerais (CRDH Norte) e representantes de deputados federais e estaduais que acompanham violações de direitos humanos em Minas Gerais.

Em relação à educação, a superintendência de regional de Educação de Januária afirmou que não há demanda em termos quantitativos para a construção de uma escola no território quilombola e que o transporte escolar é o caminho para garantir o acesso no retorno às aulas presenciais. 

Quanto à necessidade de um professor na comunidade, a resposta dos representantes da secretaria de educação que também não é possível por causa do decreto municipal que não autoriza o retorno normal à escola. A Secretaria Municipal de Educação de Pedras Maria da Cruz responsabilizou a situação precária das estradas pela falta de transporte, tenho em vista que o veículo sempre estraga.

Vale ressaltar que durante encontro on-line entre os representantes da comunidade de Caraíbas e autoridades, mediado pelo PPDDH-MG, a resposta do Superintendente Regional de Educação de Januária, Antônio Francisco de Souza, é que não existe nada a ser feito no momento que já não esteja sendo feito, referindo-se à distribuição dos Planos de Estudos Tutorado (PET) aos estudantes e negando a possibilidade de alternativas emergenciais.

A comunidade relata, no entanto, que os PETs são entregues primeiro na área urbana, secundarizando o acesso à área rural. Esta postura naturaliza e aprofunda as violações ao direito de acesso à educação, sendo demandado pela equipe do Programa que o Conselho Tutelar intervenha junto ao município no sentido de  fazer cumprir sua atribuição de acionar os serviços públicos conforme descrito em lei para atendimento às crianças e adolescentes.

No que tange às demandas relacionadas à saúde, os representantes da secretaria de saúde de Croatá informaram que o serviço está em processo de territorialização das áreas de atendimento a população e que não há profissionais suficientes no momento e/ou que a pandemia afetou o retorno do atendimento normal as comunidades. Além disso, está em construção um espaço que poderia servir como um ambulatório para consultas médicas, mas sem previsão para inauguração. 

As assessorias do deputado estadual Padre João, da deputada estadual Leninha (ambos do PT) e da deputada federal, Áurea Carolina (PSOL), além de outros representantes de entidades locais de direitos humanos, como o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) e CRDH Norte, ajudaram na construção de encaminhamentos jurídicos e de articulação institucional para resolver as demandas por direitos básicos nas comunidades. 

ACOMPANHE ABAIXO OS PRINCIPAIS ENCAMINHAMENTOS DE CADA COMUNIDADE.

CROATÁ/MG – COMUNIDADE DE QUILOMBOLAS, VAZANTEIROS E PESCADORES

Em relação às demandas da área da educação: 

  • Visita dos representantes da Secretaria da Educação ao território em articulação com representantes da comunidade.
  • Criar grupo de trabalho para resolução das questões da educação e construção da escola quilombola.
  • Elaborar proposta técnica para construção de escola quilombola na comunidade. (grupo jurídico das assessorias dos/as parlamentares presentes e entidades da rede de proteção).
  • Elaborar minuta de Lei para viabilizar um tutor(a)/professor(a) para atendimento emergencial na comunidade (grupo jurídico das assessorias dos/as parlamentares presentes e entidades da rede de proteção).

Em relação às demandas da área saúde: 

  • Contratar novo Agente Comunitário de Saúde (ACS) e a mudança de vínculo do Centro de Saúde da zona urbana para zona rural em paralelo com o processo de territorialização dos serviços de saúde no município. (não foi estabelecido prazo para a contratação do ACS).
  • Marcar reunião com representantes da Secretaria de Governo, Saúde e Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDESE) para tratar dos problemas referentes à vacinação de quilombolas e pescadores dentro do Plano Nacional de Imunização (PNI).

Ações do PPDDH/MG: 

  • Acompanhar e mediar as ações jurídicas e de assistência social, aliada às convocações de reuniões entre os diversos atores da comunidade com as autoridades públicas e entidades da rede de proteção.  
  • Publicar reportagem sobre os fatos relatados pela comunidade que será publicada no site do Instituto DH e compartilhada com veículos de imprensa e a rede de proteção.

CARAÍBAS/MG – COMUNIDADE DE QUILOMBOLAS, VAZANTEIROS E PESCADORES

Em relação às demandas de educação e assistência social: 

  • Articular junto ao Conselho Tutelar, Secretaria de Desenvolvimento Social e comunidade viabilizar ações efetivas de proteção voltadas para a infância e juventude no território. 
  • Formalizar junto ao Conselho Tutelar a demanda da escola quilombola, a ser submetida à Secretaria de Educação.
  • Oficiar à Superintendência de Educação sobre encaminhamento em relação aos ofícios protocolados pela comunidade demandando à criação da escola quilombola;
  • Elaborar parecer da Secretaria de Educação municipal e Prefeitura sobre demandas levantadas na reunião, ressaltando a ação emergencial de atuação de educador(a) disponibilizado pelo município no território, durante o ensino remoto e a criação da escola quilombola. O parecer será submetido também a Secretaria de Educação estadual, no prazo de 10 dias.
  • Articular Audiência Pública sobre criação da escola quilombola por parte das(os) deputadas(os) estaduais;

Em relação às demandas do território e questões ambientais: 

  • Oficializar as demandas territoriais, por parte das(os) deputadas(os) federais, ao INCRA, Ministério da Educação e Fundação Palmares;
  • Agendar reunião específica com instituições de justiça e comunidade para criação de estratégia jurídica;
  • Envio de ofício à Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais (CIMOS), por parte do PPDDH-MG e CRDH-Norte, para submissão da demanda à promotoria de Januária;
  • Realizar ações de formação sobre a Resolução CNE/CEB nº 8, de 20 de novembro de 2012 no município para a construção da escola quilombola.

Ações do PPDDH-MG:

  • Acompanhar juridicamente e promover ações de assistência social, aliada a mediação das reuniões entre os diversos atores da comunidade com as autoridades públicas e entidades da rede de proteção. 
  • Publicar reportagem sobre os fatos relatados pela comunidade que será divulgada no site do Instituto DH e compartilhada com veículos de imprensa e a rede de proteção.

POSICIONAMENTO INSTITUTO DH E PPDDH/MG

O Instituto DH e o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais (PPDDH-MG) se aliam às lutas desses povos tradicionais que incansavelmente pleiteiam a garantia de direitos básicos para assegurar a vida com dignidade e se coloca à disposição com os moradores na busca de soluções emergenciais para resolver as demandas de saúde e educação.

Assessoria de Comunicação Instituto DH