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Instituto DH participa do 2º Encontro Nacional Proteção Popular de Defensores/as de Direitos Humanos

A entidade é parceira da execução do projeto Sementes em Minas Gerais e realiza ações conjuntas com o PPDDH/MG

Representantes do Instituto DH participaram entre os dias 30 de maio e 01 de junho de 2023 do 2º Encontro Nacional Proteção Popular de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos, realizado em Brasília. O objetivo foi qualificar os processos de implementação da Proteção Popular e aprofundar o engajamento das organizações para a realização das ações do projeto nos estados.

Para fortalecer as atividades por todo o País, foram realizadas quatro mesas de discussões como forma de subsidiar as defensoras e defensores na atuação local. As mesas foram:

A entidade é parceira na execução do projeto Sementes em Minas Gerais e realiza ações conjuntas com o PPDDH/MG
Participante de organizações que integram o Sementes fala em plenária / Foto: Instituto DH

Mesa 1 – Desafios da Realidade para a Proteção Popular: análise sociopolítica da conjuntura atual

Mesa 2 – Organização e Atuação em Rede: fortalecimento da organização popular e ação coletiva

Mesa 3 – Metodologia de Ação Protetiva Popular: construção do plano de ação protetiva

Mesa 4 – Atuação na Proteção Popular – Acumulados, Compromissos e Possibilidades: proposta de proteção popular no contexto das organizações e intercâmbio entre os participantes.

O Projeto Sementes de Proteção de Defensores/as de Direitos Humanos é uma iniciativa da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), do Movimento Nacional de Diretos Humanos (MNDH), da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong) e da We World GVC Onlus. O Sementes de projeto é um projeto apresentado em edital e aprovado pela União Europeia que é seu co-financiador.  Em Minas Gerais, a parceria se dá com o Instituto DH – Pesquisa, Promoção e Intervenção em Direitos Humanos e Cidadania. 

AUDIÊNCIA PÚBLICA DISCUTE A PROTEÇÃO DE DEFENSORAS E DEFENSORES

Técnico de Comunicação Social, jornalista do PPDDH/MG, no Seminário na Câmara dos Deputados, em Brasília/DF / Foto: Instituto DH

Na quinta-feira (1/06), os ativistas e defensores, como parte da programação do Encontro, estiveram no Seminário “Proteção das Defensoras e Defensores das políticas de respeito aos Direitos Humanos no Brasil”, realizado pela Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados, em Brasília. O Instituto DH esteve representado pelo jornalista Pablo Abranches, que compõe a equipe técnica do PPDDH/MG.

deputado federal Luiz Couto (PT-PB) / Foto: Zeca Ribeiro, Câmara dos Deputados /

A reunião, liderada pelo deputado Luiz Couto (PT-PB), um dos responsáveis por solicitar a realização do seminário, disse que a audiência representou um momento significativo de diálogo acerca da urgência de se criar uma legislação efetiva para proteção de coletivos e indivíduos que constantemente enfrentam ameaças, criminalização e morte devido à sua luta pelos direitos humanos em suas comunidades e territórios.

A entidade é parceira da execução do projeto Sementes em Minas Gerais e realiza ações conjuntas do PPDDH/MG
Paulo César Carbonari, Projeto Sementes e MNDH – Foto: Zeca Ribeiro, Câmara dos Deputados

O coordenador do projeto Sementes de Proteção e representante do Movimento Nacional dos Direitos Humanos (MNDH), Paulo Carbonari, disse que proteger defensoras e defensores dos direitos humanos é uma forma de assegurar a democracia e, por isso, tem que ser uma política de Estado. “A gente acredita e entende que os direitos humanos se realizam com o compromisso das instituições, com as convenções e os tratados”, afirmou.

Participaram também da audiência pública, a Secretária de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas; Juma Xipaia; o representante da Fundação Nacional dos Povos Indígenas; Hélcio Eustáquio Rizzi; o Diretor-Executivo da ABONG – Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais, Athayde Motta; a representante da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, Maria da Conceição e outras autoridades da sociedade civil e do poder público.

O ponto alto dos debates foi a reconhecimento que os conflitos agrários estão entre as principais causas de morte de defensores de direitos humanos no País. A representante do Ministério do Desenvolvimento Agrária, Andressa Lewandoviski, afirmou que as disputas agrárias geram muitas mortes no campo e a pasta está empenhada em fortalecer políticas que garantam a regularização fundiária e a titulação das terras para diminuir os conflitos.

Segundo o relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), publicado em 2022, ao todo foram 553 ocorrências de conflitos no campo, que vitimaram 1065 pessoas, 50% a mais do que registrado em 2021. Os dados incluem assassinato, tentativa de assassinato, ameaças, agressões, tortura e prisões, sendo as comunidades e povos tradicionais as principais vítimas.

As mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillps, no Vale do Javari, no Amazonas, integram a estatísticas trágica dos conflitos agrários de 2022.

Avaliação do Encontro de Proteção Popular as Defensores e Defensores de Direitos Humanos / Foto: Instituto DH/MG

Com Agência Câmara de Notícias/Projeto Sementes de Proteção

Evento mobiliza comunidades quilombolas em defesa dos direitos humanos e do aquilombamento do Cadastro Único, em São Francisco/MG

Mesa de abertura com autoridades e o defensor quilombola, José dos Passos / Foto: Instituto DH/PPDDH/MG

Realizado na última quinta-feira, (25/05), o “I Encontro Intersetorial de Assistência Social para Comunidades Quilombolas: Aquilombamento do Cadastro Único e Fortalecimento e Garantia dos Direitos Humanos” teve como objetivo mobilizar e fortalecer as comunidades quilombolas sobre a importância da garantia de direitos no que tange as ações da assistência social e a promoção da maior participação dessa população nos espaços de construção coletiva de políticas públicas. A atividade ocorreu no território quilombola Bom Jardim da Prata, São Francisco/MG.

O evento foi organizado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social de São Francisco/MG em parceria com sete comunidades quilombolas do município e o Instituto DH – Promoção, Pesquisa e Intervenção em Direitos Humanos e Cidadania, organização do terceiro setor responsável pela execução do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH/MG).

Folia de Reis da Comunidade Quilombola de Buriti do Meio / Foto: Instituto DH/PPDDH/MG
Apresentação Teatral sobre a Campanha 18 de Maio – Contra a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes / Foto: Instituto DH/PPDDH/MG

Entre as várias palestras e atividades, o encontro contou também com apresentações culturais de danças da Folia de Reis e apresentação teatral em conscientização ao dia 18 de maio, data que alerta contra a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Os participantes também puderam se vacinar contra a meningite, a COVID-19 (vacina bivalente) e o vírus da gripe, além de receberam brindes de higiene bucal e realizarem o (re)cadastramento para o CADASTRO ÚNICO que dá direito de receber os benefícios de aos programas sociais dos governos.

O jornalista do PPDDH/MG, Pablo Abranches, participou da mesa de abertura representando o Instituto DH e a coordenação geral do Programa de Proteção DDH/MG- Foto: Instituto DH/PPDDH/MG

Participaram da mesa de abertura diversas autoridades de órgãos e entidades das três esferas de poder, tais como: Ministério Público Federal (MPF), Ministério da Igualdade Racial, Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Prefeitura Municipal de São Francisco/MG, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDESE) por meio do Conselho Estadual de Promoção de Igualdade Racial (CONEPIR), representante da Associação Vereadores Área Mineira da Sudene (AVAMS), autoridades da 13º Companhia da da Polícia Militar e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da região, além dos representantes das comunidades quilombolas de São Franciscoe Mestre Minervino e do Instituto DH.

Na ocasião também foi lida o Relatório Final sobre as demandas comuns e específicas das comunidades quilombolas que será apresentado e assinado em momento posterior pelas autoridades e lideranças como forma de registro das reinvindicações.

Abaixo, Ana Raquel Âmbar e Lucas kannoa, ambos técnicos sociais do PPDDH/MG, explicam mais sobre o evento na matéria para o MG Inter TV 1ª Edição – Grande Minas, veiculado no último dia 25.

Reprodução: InterTV Grande Minas – Tv Globo / Fonte: globoplay

A participação do PPDDH/MG se dá no contexto das ações e medidas protetivas ao defensor, José dos Passos Pereira, que pertence à comunidade do Bom Jardim da Prata, localizada às margens do Rio São Francisco, norte do estado.

A inclusão do defensor ocorreu em 2021, no contexto da pandemia de COVID-19, quando as ameaças a sua atuação pelo território quilombola se intensificaram após recados de fazendeiro “que para quilombola ia ter bala”.

Desde então, o PPDDH/MG monitora o caso e realiza diversas ações de articulação da rede de proteção do município, que resultou na realização do Encontro Intersetorial, a rede de proteção de Minas Gerais e autoridades do judiciário estadual e federal, além de ações de visibilidade sobre as demandas por regularização fundiária das comunidades tradicionais e as ameaças que recebem.

18 de MAIO – DIA DA LUTA ANTIMANICOMIAL

O desfile de carnaval fora de época da escola de samba “Liberdade ainda que tam tam” marca em Belo Horizonte, em mais um ano, a data de 18 de maio como o Dia da Luta Antimanicomial. Com o tema “Plantando esperança, reflorestando o amanhã: pessoas são para dar frutos doces e tantans”, a manifestação artística acontece a partir das 13h30 na Praça da Liberdade, e segue em cortejo até a Praça da Estação, nesta quinta-feira (18).

A construção do desfile político cultural começa em fevereiro. O enredo, o cartaz, o samba enredo são construídos de forma coletiva com usuários/as, familiares e trabalhadores/as dos Serviços de Saude Mental do Estado. Uma bela e potente organização do Fórum Mineiro de Saúde Mental, Assussam e Renila.

Abaixo, a letra do samba enredo que vai agitar a festa:

vim mostrar meu badulaque

e o meu balangandã

repinique e atabaque

sou Tam Tam

o milico de araque arregou

deu piripaque

com os maluco de belô

se for loucura eu cuidar do meu país

o meu delírio se chama democracia

a motosserra não arranca a raiz

está fincada na poesia

índio com barriga cheia

sem milícia na favela

sem garimpo na aldeia

o pulo do cavalo azul ninguém cancela

galopa pra botar fascista na cadeia

fiz o L de luta

faço U de utopia

fiz o L de labuta

faço A de alegria

refazer a esperança

endossando o social

pega a visão

Salve Saúde Mental

vim mostrar meu badulaque

e o meu balangandã

repinique e atabaque

sou Tam Tam

o milico de araque arregou

deu piripaque

com os maluco de belô

Autoria: Raphael Sales, Marcos Evando Martins, Rogério de Carvalho.

Arranjo: Pagé

Interpretação: Rogério de Carvalho, Raphael Sales.

Gravado, Mixado e Masterizado por Ruy Montenegro no Studio Genesis

Diretoria de Políticas de Proteção e Reparação dos Direitos Humanos promove encontro das equipes técnicas dos programas em defesa da vida

Evento foi realizado na sexta (12/05), em BH, e contou com  profissionais das equipes do PPDDH/MG, PPCAAM e PROVITA.
Coordenadora geral do PPDDH-MG, Maria Emília da Silva, fala aos(as) participantes do encontro

Equipes dos programas que pertencem à diretoria de políticas de proteção e reparação dos direitos humanos – Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais (PPDDH/MG), Programa de Proteção as Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM) e Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaças (PROVITA), participaram do segundo encontro de capacitação na última sexta-feira (12/05), na Escola de Saúde Pública de MG, no Barro Preto, em Belo Horizonte.

O encontro teve como objetivo o fortalecimento das equipes técnicas dos Programas de proteção e consolidar espaços de formação conjunta entre a equipe de referência para as políticas de proteção da Diretoria de Políticas de DH/Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDESE) e os profissionais envolvidos diretamente na execução das políticas.

Entre as pautas prioritárias, os profissionais debateram sobre as possibilidades de interfaces entre os programas e o intercâmbio de referenciais teóricos que orientam a condução do trabalho desenvolvido na proteção. Foram utilizadas também como material teórico, o discurso de posse do novo ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, e sua aula inaugural na Universidade de Brasília (UnB), “Direitos Humanos, Estado e Crise”.

Para a administradora pública e referência técnica do PPDDH-MG, na Sedese, Isadora Lopes, o segundo encontro entre as equipes dos programas de proteção de 2023 foi um convite para refletirmos sobre o que os define enquanto políticas públicas de direitos humanos.

“Mais do que as semelhanças, vimos que as diferenças de atuação para o atendimento da especificidade dos públicos são fundamentais para a garantia da humanidade de cada protegidos”, destacou Isadora.

Vale lembrar que o Instituto DH é o responsável pela execução do PPDDH/MG e PPCAAM. A diretoria de Políticas de Proteção e Reparação dos Direitos Humanos é a responsável pelos Programas de Proteção e as ações de Memória e Verdade.

“Se ameaça a vida da gente, ameaça à democracia”, diz Andréia de Jesus, parlamentar ameaçada pela luta em defesa dos direitos humanos

Incluída no Programa de Proteção aos(às) Defensores(as) de Direitos Humanos (PPDDH-MG) em função das ameaças de morte e ataques racistas e misóginos que recebe, a deputada estadual Andréia de Jesus, pelo Partido dos Trabalhadores (PT), relatou em entrevista ao Programa sobre sua história de vida e a violência política de gênero que vem sofrendo por atuar em defesa dos direitos humanos.

Atualmente, já no segundo mandato, a parlamentar foi reconduzida à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em razão do seu histórico como defensora dos direitos humanos na defesa da população mais vulnerável. Como destaque da sua plataforma política, ressaltam-se a luta antirracista e a defesa dos povos tradicionais quilombolas e dos(as) trabalhadores(as) e moradores(as) de ocupações urbanas e rurais por toda Minas Gerais.

Em 2021, após criticar uma operação policial conjunta entre a Polícia Militar, Rodoviária Federal e do Bope que resultou em 26 mortes em Varginha/MG, a deputada questionou a atuação dos agentes envolvidos na ação e pela Comissão de Direitos Humanos da ALMG acionou o Ministério Público (MP) e a Secretaria de Segurança Pública para investigar o caso.

Desde então, as ameaças de morte e xingamentos se intensificaram e a sensação de insegurança dominou as atividades parlamentares e pessoais da deputada, o culminou na sua inclusão no PPDDH-MG. Ela ressalta que a violência política de gênero e os ataques racistas que sofre têm impacto direto na democracia, “Se ameaça a vida da gente, ameaça à democracia”, enfatiza Andréia.

Assista à entrevista completa no canal do YouTube do PPDDH-MG:

Entrevista produzida pelo Instituto DH/PPDDH-MG, 2022/2023

INFORME ANUAL 2022/23: O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO

Assista matéria do Jornal Nacional, da TV Globo sobre o Relatório de 2022/23

Fonte: Jornal Nacional/ TV Globo – 28/03/2023

Lançado anualmente pela Anistia Internacional, o Informe “O Estado Dos Direitos Humanos no Mundo” reúne análises e insumos sobre a situação dos direitos humanos ao redor do globo. Na edição 2022/23, cerca de 156 países e territórios estão cobertos pelo relatório, entre eles o Brasil.

O documento chama atenção para um “padrão duplo” dos países e Estados no que se refere à garantia dos direitos humanos e, consequentemente, o fracasso da comunidade internacional em se unir em torno de valores universais aplicados de forma consistente.

Na Europa, vimos como os estados membros da União Europeia corretamente abriram as suas fronteiras para os ucranianos que fugiam da agressão russa. No entanto, o mesmo tratamento não foi oferecido àqueles que escapavam da guerra na Síria e no Afeganistão. Da mesma forma, vimos “dois pesos e duas medidas” na recusa do Ocidente em confrontar o apartheid de Israel contra os palestinos. Padrões esses que também encorajaram que países como China, Egito e Arábia Saudita ignorassem e desviassem as críticas de seu próprio histórico de violações.

Além desse jogo de interesses nocivo, o relatório também destaca como a maior parte dos países redobraram seus esforços para amordaçar vozes críticas. As autoridades usaram força excessiva e, às vezes, letal, detenção arbitrária, intimidação e assédio, entre outras ferramentas contra manifestantes, defensores de direitos humanos, opositores e jornalistas.

No ano que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 75 anos, a mensagem que Informe deixa é clara: Os direitos humanos não podem ser aplicados seletivamente, pois, dessa forma todo o tecido universal é comprometido. Todos os Estados devem revigorar a ordem baseada em regras que beneficiem a todos, em todos os lugares.

Fonte: https://anistia.org.br/informe-anual/informe-anual-2022-23-o-estado-dos-direitos-humanos-no-mundo/

PPDDH-MG EM NÚMEROS

Baixe o Relatório e saiba mais:

Até fevereiro de 2023, fazem parte do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais (PPDDH-MG), 86 defensores (as), sendo 31 Mulheres e 55 Homens.

Por área de atuação:

Reforma Agrária: 19 defensores(as)

Proteção Território Quilombola: 23 defensores(as)

Proteção Território Indígena: 13 defensores(as)

Questões Urbanas/Conflitos Urbanos: 04 defensores(as)

Questões Ambientais: 8 defensores (as)

Luta contra violência policial: 1 defensor

Educação: 1 defensor

Vazanteiros/pescadores/quilombolas: 5 defensores

Luta pelos direitos das mulheres: 2 defensoras

Luta pelo direito dos atingidos por barragens: 9 defensores

Luta pela liberdade religiosa: 1 defensor

O número de defensores(as) incluídos sofre alteração a cada fechamento mensal.

O PPDDH-MG tem como objetivo mobilizar entidades e órgãos públicos para garantir a segurança dos(as) defensores(as) para continuar suas atividades de militância em direitos humanos. A estratégia é articular de proteção com o propósito de mitigar as ameaças e violação de direitos. O programa é executado pelo Instituto DH.

Ativista pelo direito à terra lamenta falta de justiça após tentativa de assassinato

No dia 08 de março de 2018, Thiago Coimbra foi vítima de uma emboscada preparada por jagunços contratados pelo dono da Fazenda Norte América, em Capitão Enéas, Minas Gerais. Esta propriedade estava ocupada desde janeiro de 2018 por trabalhadores rurais da Frente Nacional de Luta do Campo e Cidade (FNL), que era coordenado por Thiago, quando alvejado por quatro tiros – um na cabeça, um no tórax e nas pernas – e sobreviveu, segundo ele, por um milagre.

De acordo com o seu relato e registro com reportagens da época, um grupo de homens armados chegaram em um caminhão baú e três carros pequenos. Os jagunços o surpreenderam na entrada do assentamento, quando recebeu uma coronhada e um tiro na perna. Em seguida, ele foi arrastado pela estrada, depois amarrado, torturado e alvejado por mais três tiros. No descolamento do corpo com o objetivo de comprovar a realização do crime aos mandantes, os executores foram surpreendidos por um carro da polícia. Thiago foi levado ao hospital e sobreviveu para contar a sua história.

Desde então, o movimento social na região foi desarticulado. O defensor Thiago muda constantemente de território com medo de ser alvo de nova tentativa de assassinato, além de sofrer com os impactos psicológicos e sociais provocados pela violência brutal à qual foi submetido.

No vídeo abaixo, Thiago relata detalhes dos momentos de horror que vivenciou e como sobreviveu ao atentado.

AMEAÇADORES E A JUSTIÇA  

A fazenda Norte América, de três mil hectares, ocupada pelos trabalhadores rurais da FNL, pertencia naquele período a Leonardo Andrade, também conhecido como Léo Andrade, acusado de ser o mandante do atentado contra Thiago.

As terras seriam vendidas para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que posteriormente, seriam destinadas à criação de um assentamento, fato que não ocorreu, o que acabou acirrando a disputa pelo local.

A fazenda foi apontada, entre outras acusações, como um importante local de lavagem de dinheiro, fato que foi denunciado às autoridades pelo defensor, o que teria motivado a ordem para matá-lo. Face ao temor e ao risco de sofrer novas ameaças e novo atentado, Thiago foi retirado do território pelo PPDDH-MG.

Léo Andrade havia sido preso anteriormente, acusado de desvio de recursos públicos quando ocupava o cargo de Secretário de Desenvolvimento Sustentável de Montes Claros, e foi solto por Habeas Corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STJ).

Além de Andrade, 11 pessoas foram denunciadas pela Promotoria de Justiça de Francisco Sá/MG. Recentemente, em 2022, quatro réus foram absolvidos pelo Tribunal do Júri. A defesa alegou legítima defesa dos réus e adotou a linha de criminalização dos defensores e dos movimentos pelo direito à reforma agrária.

Quanto a Leo Andrade, a justiça expediu mandado de prisão, mas ele conseguiu Habeas Corpus depois de nunca ter se apresentado à justiça em nenhuma das fases dos procedimentos contra ele.

 VIOLÊNCIA NO CAMPO

De acordo com o monitoramento realizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), em agosto de 2022, somente nos primeiros seis meses daquele ano o número de assassinatos ligados a conflitos urbanos no país superou o total de mortes durante todo o ano de 2020: 20 homicídios contra 25 em 2022.

Segundo apontou o levantamento, publicado em reportagem da Agência Pública, a pistolagem responde por quase 40% dos casos de violência letal contra pessoas e ativistas camponeses em 2022.

Em 2018, ano do atentado contra Thiago Coimbra, foram registrados, também segundo a CPT, 24 assassinados, sendo que 54% foram contra líderes de movimentos pelo direito à reforma agrária e à moradia. Em 2017, 22% das mortes foram de lideranças, o que demonstra o aumento de quase o dobro de um ano para o outro.

 AÇÕES DO PPDDH-MG

Desde a inclusão de Thiago Coimbra no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH-MG), em 2018, a equipe técnica deste programa o acompanha e articula ações com os órgãos e instituições da rede de assistência social, saúde e justiça visando a proteção integral do defensor.

Vem realizando também o acompanhamento periódico da conjuntura com avaliações sistemáticas das situações de ameaça contra Thiago, submetendo as decisões ao Conselho Deliberativo do PPDDH-MG, responsável por aprovar as medidas de proteção a serem adotadas no caso.

Após o atentado, Thiago tenta seguir uma vida normal, mas vive inconformado pela negligência do Estado e pela falta de justiça, já que seus algozes se encontram soltos. “Quase morri, levei quatro tiros e ainda assim o mandante e seus jagunços estão soltos por aí. Minha vida é uma eterna prisão. Não consegui retornar para a militância e o Programa de Proteção é o único que me apoia na luta por justiça”, afirma Thiago.

Para o advogado integrante da equipe técnica do PPDDH-MG, a história do Thiago é muito simbólica e denota a ausência de políticas de reforma agrária em Minas Gerais e em todo país. “O atentado contra Thiago é um atentado contra todos os defensores e defensoras que lutam pelo direito à terra e moradia. A violência no campo é resultado da falta de políticas efetivas de reforma agrária no Brasil e o nosso papel é denunciar e articular as autoridades para fazer valer os direitos dos(as) defensores(as) da terra e do campo”. Tal avaliação é compartilhada pelo Instituto DH, executor do programa. 

Capacitação Interna PPDDH-MG: Estratégias da ESG

Equipe do PPDDH-MG / Foto: Instituto DH

Nesta terça-feira (28/02), a equipe técnica do Programa de Proteção aos(às) Defensores(as) de Direitos Humanos de Minas Gerais (PPDDH-MG) participou da formação “Estratégias da ESG – Environmental, Social and Governance”, que na tradução para o português significa “boas práticas ambientais, sociais e de governança”. A atividade foi ministrada pelo técnico social com formação em Direito, Lucas Kannoa.

A ESG diz respeito às práticas empresariais e de investimento que se preocupam com critérios de sustentabilidade e não apenas com o lucro, apesar da relação entre as empresas e seus investidores. Nesse sentido, as ações de sustentabilidade passaram a ser consideradas parte da estratégia financeira e de responsabilidade social das empresas.

No contexto dos(as) defensores(as) de direitos humanos impactados(as) pelas tragédias da mineração em Minas Gerais e atendidos(as) pelo PPDDH-MG, as estratégias da ESG são um importante instrumento de responsabilização das empresas ameaçadoras e das instituições do Estado.
Para Lucas Kanooa, a grande vantagem da ESG é que ela pode ser mais um elemento na argumentação para a judicialização de processos de reparação aos(as) defensores(as) e outros(as) atingidos(as).

Lucas Kannoa – técnico social em Direito do PPDDH-MG – Foto: Instituto DH

“É uma forma de cobrar coerência e aplicabilidade da lei às empresas, uma vez que apesar dos protocolos de proteção ambiental e transparência, por exemplo, o que se percebe na prática é que tais medidas não são efetivas na prática”, esclarece Kannoa.

Diretora do Instituto DH é nomeada para a Comissão de Anistia

Pela primeira vez, o representante do Ministério da Defesa não será militar. Entre os nomeados, também há uma mulher negra, Maria Emília – diretora do Instituto DH e coordenadora geral do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH-MG); e uma mulher indígena, Maíra Carneiro, do povo Pankararu.

Os integrantes devem se encontrar para uma reunião administrativa na próxima quarta-feira. A primeira sessão de julgamento deve ser marcada neste encontro. A expectativa é que o primeiro julgamento aconteça no final de março ou início de abril.

O Regimento Interno da comissão já foi aprovado e agora precisa ser publicado no Diário Oficial da União.

O primeiro evento público da Comissão de Anistia está previsto para o dia 29 de março, com a presença de todos os conselheiros, representantes dos anistiados e também do ministro, Silvio Almeida.

Nomes designados:

  • Rafaelo Abritta, representante do Ministério da Defesa
  • Marcelo Ribeiro Uchoa, representante dos anistiados
  • Maria Emília da Silva
  • Rodrigo Lentz
  • Maria de Oliveira Carneiro
  • Leonardo Kauer Zinn
  • Alessandra Elias de Queiroga

Os representantes do governo na comissão foram nomeados em janeiro. Na ocasião, o ministério afirmou que foram escolhidos pela “experiência técnica” nos temas de “reparação integral, memória e verdade”.

Segundo a portaria, o trabalho da comissão é de interesse público e sem remuneração. A presidente da comissão, Enéia Almeida, defende a participação da sociedade civil.

“É muito importante que haja participação da sociedade civil acompanhando todo o trabalho da Comissão. Interagindo, cobrando”, declarou.

A Comissão de Anistia foi criada em 2002, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com o objetivo de oferecer reparação as vítimas ou familiares de vítimas de perseguição durante a ditadura militar (1964-1985).

Por G1: https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/02/24/ministerio-dos-direitos-humanos-e-cidadania-publica-novos-nomes-para-a-comissao-de-anistia.ghtml

NOTA DE PESAR

É com muita tristeza que recebemos a notícia do falecimento do Sr. Orlindo Teixeira, pai do defensor incluído no PPDDH-MG, Jurandir Dias de Souza, da Comunidade Quilombola Marobá dos Teixeiras, residente no município de Almenara, Minas Gerais.

Toda equipe do Instituto DH e do PPDDH-MG se solidarizam com a comunidade, em especial com os(as) familiares e amigos(as) neste momento de dor e luto.

Sr. Orlindo era ancião quilombola e uma grande referência na luta pelos direitos das comunidades e povos tradicionais. Não por acaso, seu filho Jurandir, desde 2015, quando foi incluído no PPDDH-MG, dá continuidade ao seu legado pela defesa do seu povo quilombola, seu território, suas tradições e modos de vida.

Abraço fraterno de toda equipe do Instituto DH.

Belo Horizonte, 10 de fevereiro de 2023.